
Quando os bombardeamentos russos à Ucrânia se intensificaram, a família Ogiychuk fez as malas em 40 minutos e rumou à Polónia. Mas a guerra continuava demasiado próxima. Portugal foi o destino escolhido para viverem em paz.
Fotografia Mariline Alves | Texto Catarina Cruz
Se dúvidas houvesse, a febre de Ignat, de nove anos, e a tosse do pequeno Mark, de apenas um ano, levaram a que quem os acompanhava se desdobrasse em contactos para encontrar outro local onde a família pudesse ficar alojada.
O primeiro dia na capital algarvia foi passado a tratar de documentação no SEF, acompanhados por uma amiga que ficou responsável por traduzir tudo. Christina e o marido, Maxim, não falam português nem inglês e esse é mais um obstáculo a somar a todas as dificuldades que enfrenta quem foge de uma guerra.
"Sinto-me uma sem-abrigo", acaba por confessar Christina, que se viu obrigada a pedir roupa para as crianças. Em Lviv, tinham uma vida boa. Eram donos de uma clínica e academia de estética, onde Christina fazia tratamentos e Maxim dava aulas. A vida deu uma volta de 180º. Agora, Maxim equaciona ir trabalhar para as obras e Christina planeia procurar trabalho na sua área de formação. Quando a vida se começar a recompor, talvez abram em Portugal um estúdio como o que tinham em Lviv."Okean! Okean!". Christina e Maxim sonham ver o Oceano, os mais novos colocar os pés dentro de água. Dois dias depois de chegarem ao Algarve, e após terem desembocado no passeio ribeirinho de Faro por engano, esse momento chega finalmente. Na Ilha de Faro, sentem a liberdade do mar infinito e brindam à paz e aos novos começos.