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Fugir da Ucrânia para "o ponto mais distante da Europa": o Algarve

Quando os bombardeamentos russos à Ucrânia se intensificaram, a família Ogiychuk fez as malas em 40 minutos e rumou à Polónia. Mas a guerra continuava demasiado próxima. Portugal foi o destino escolhido para viverem em paz.

Fotografia Mariline Alves | Texto Catarina Cruz

Quando os bombardeamentos russos à Ucrânia se intensificaram, a família Ogiychuk fez as malas em 40 minutos e rumou à Polónia. Mas a guerra continuava demasiado próxima. Portugal foi o destino escolhido para viverem em paz.

Fotografia Mariline Alves | Texto Catarina Cruz

"Saímos da Ucrânia numa época em que tudo nas nossas vidas era lindo, simplesmente maravilhoso. Tenho a sensação de que tudo se desmoronou". O desabafo é de Christina Ogiychuk, de 32 anos, que perante a guerra que fustiga o seu país e o reduz a escombros decidiu partir com o marido, o pai e os quatro filhos "para o ponto mais distante da Europa": o Algarve.

Mais de 3700 quilómetros separam a cidade de Lviv da capital algarvia, Faro, para onde a família rumou após uma passagem pela vizinha Polónia. O plano inicial era ficarem pela Polónia até que a guerra na Ucrânia tivesse um ponto final, mas a escalada de violência, com os bombardeamentos a semearem o terror e a deixarem um rasto de destruição em várias cidades, fez com que mudassem de ideias.
Reportagem família de refugiados ucranianos
Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
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Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
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Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
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A viagem de autocarro até Faro demorou dois dias. Quando chegaram, tinham à espera uma amiga da mãe do marido, o presidente da Associação dos Ucranianos do Algarve e o presidente da associação Entremundos, que nesse dia levou para o Algarve 48 pessoas (metade eram crianças).

O destino da família era um quarto improvisado na junta de freguesia de Almancil, mas nem tudo correu como previsto. As fortes chuvas da noite anterior tinham danificado as instalações e os Ogiychuk optaram por procurar um local mais acolhedor.
Reportagem família de refugiados ucranianos
Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
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Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
Reportagem família de refugiados ucranianos
Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves

Se dúvidas houvesse, a febre de Ignat, de nove anos, e a tosse do pequeno Mark, de apenas um ano, levaram a que quem os acompanhava se desdobrasse em contactos para encontrar outro local onde a família pudesse ficar alojada.

Cansados e com a vida arrumada em meia dúzia de malas, chegaram a um hostel no centro de Faro eram 23h30.
No hostel conseguiram o descanso e conforto necessários para os desafios que iam enfrentar no dia seguinte, que já tinha no roteiro um ponto de paragem obrigatório. 
Reportagem família de refugiados ucranianos
Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
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Reportagem família de refugiados ucranianos
Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
Reportagem família de refugiados ucranianos
Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves

O primeiro dia na capital algarvia foi passado a tratar de documentação no SEF, acompanhados por uma amiga que ficou responsável por traduzir tudo. Christina e o marido, Maxim, não falam português nem inglês e esse é mais um obstáculo a somar a todas as dificuldades que enfrenta quem foge de uma guerra.

"Sinto-me uma sem-abrigo", acaba por confessar Christina, que se viu obrigada a pedir roupa para as crianças. Em Lviv, tinham uma vida boa. Eram donos de uma clínica e academia de estética, onde Christina fazia tratamentos e Maxim dava aulas. A vida deu uma volta de 180º. Agora, Maxim equaciona ir trabalhar para as obras e Christina planeia procurar trabalho na sua área de formação. Quando a vida se começar a recompor, talvez abram em Portugal um estúdio como o que tinham em Lviv.

O adeus ao hostel no centro de Faro é feito ao final do dia e rumam à quinta de uma associação que recebe refugiados ucranianos. Ali há mais espaço para todos.
O ambiente na quinta rapidamente se tornou acolhedor para a família Ogiychuk.
Parte da família está aqui reunida – Christina, Maxim, os quatro filhos (Ilária, Ignat, Natan e Mark, de dez, nove, sete e um ano, respetivamente) e o pai de Christina, Myron – mas para trás ficaram familiares e amigos, que os deixam de coração apertado. Os contactos telefónicos ajudam a serenar, mas as imagens de horror que enchem televisões e sites de jornais não deixam esquecer o que se passa na Ucrânia natal, que está irreconhecível
Reportagem família de refugiados ucranianos - principal
Reportagem família de refugiados ucranianos - principal Mariline Alves
Reportagem família de refugiados ucranianos
Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
Reportagem família de refugiados ucranianos
Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
Reportagem família de refugiados ucranianos
Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves

"Okean! Okean!". Christina e Maxim sonham ver o Oceano, os mais novos colocar os pés dentro de água. Dois dias depois de chegarem ao Algarve, e após terem desembocado no passeio ribeirinho de Faro por engano, esse momento chega finalmente. Na Ilha de Faro, sentem a liberdade do mar infinito e brindam à paz e aos novos começos. 

A nova vida pelos olhos das crianças

Durante os dias em que estivemos com a família Ogiychuk, emprestámos-lhes uma máquina fotográfica para que registassem detalhes desta nova vida. Este foi o resultado.
Reportagem família de refugiados ucranianos
Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
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Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
Reportagem família de refugiados ucranianos
Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
Reportagem família de refugiados ucranianos
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Reportagem família de refugiados ucranianos
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Reportagem família de refugiados ucranianos Mariline Alves
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