Kobe viajava frequentemente de helicóptero. Explicou que o fazia para passar menos tempo no trânsito e mais com a família. A mulher, Vanessa, também o fazia habitualmente, pelos mesmos motivos, mas ambos tinham consciência que andar no ar não é o mesmo que ter os pés assentes no chão. Por isso, acordaram nunca viajarem juntos de helicóptero. O destino deu-lhes razão.
Esta é uma das muitas histórias que se vão conhecendo por estes dias da vida de Kobe Bryant, interrompida abruptamente no passado domingo, quando o helicóptero em que seguia, com a filha Gianna, de 13 anos, se despenhou, roubando a vida aos nove ocupantes.
Não é a primeira vez que o Mundo fica em choque, incrédulo, com o desaparecimento de uma figura eterna, que consegue reunir unanimidade à sua volta. Ao longo dos anos muitos têm sido os desportistas, das mais diversas áreas, que encontram a morte nos céus. Uns de helicóptero, outros de avião.
O último caso que saltou para as primeiras páginas da toda a imprensa internacional foi a do futebolista Emiliano Sala, mas já houve situações em que equipas inteiras foram dizimadas, como o a do Torino e a do Manchester United. Tragédias que não marcam apenas a história do futebol, mas de todas as outras modalidades. Domingo, o infortúnio bateu à porta do basquetebol, roubando a vida a ‘ Black Mamba’, que esteve 20 anos casado com os LA Lakers, marcando mais de 30 mil pontos.
A história mais dramática ocorreu, porventura, em 1972, quando o voo da Força Aérea Uruguaia 571, no qual seguia uma equipa de râguebi daquele país, se despenhou nos Andes, a 3600 metros de altitude. Seguiam 45 pessoas a bordo, entre jogadores, amigos, familiares. Alguns dos que sobreviveram à queda, morreram mais tarde de frio e à fome. Ficaram 16 para contar a história. Para confessar que se alimentaram dos passageiros mortos para escapar ao que parecia inevitável. Foram resgatados ao fim de 72 longos dias, mas a vida dos que regressaram ficou marcada para sempre.
Como para sempre ficará marcada na nossa memória a partida daqueles que, de uma forma ou de outra, entraram nas nossas vidas e partiram de forma brutal. Como Kobe Bryant.