A rainha Isabel II de Inglaterra apertou ontem a mão a Martin McGuinness, vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte e antigo comandante do IRA (grupo que durante 30 anos lutou contra a presença britânica no Ulster), num histórico gesto de reconciliação que vem consolidar o processo de paz norte- -irlandês.<br/><br/>
Um oficial da polícia foi morto na sequência da explosão de uma bomba colocada esta tarde sob a sua viatura na cidade de Omagh, Irlanda do Norte. <br/>
Após mais de três décadas de sangrenta rivalidade, os líderes protestante e católico da Irlanda do Norte juraram ontem deixar o passado para trás e trabalhar em conjunto para o bem de ambas as comunidades. Os sorrisos e a boa disposição demonstrada por Ian Paisley e Martin McGuiness na sessão solene de criação do novo governo partilhado da Irlanda do Norte parecem um bom prenúncio, tendo em conta que ainda há poucos meses recusavam dirigir a palavra um ao outro e sentar-se à mesma mesa.
Os católicos são discriminados e não têm casas suficientes simplesmente porque procriam como coelhos e se multiplicam como vermes.” Estas palavras são de Ian Paisley, reverendo da Igreja Presbiteriana Livre do Ulster – da qual é um dos fundadores – e líder do Partido Unionista Democrático (DUP). Depois de vencer, por ligeira margem, as eleições de quinta-feira, Paisley tem nas mãos o poder para viabilizar, ou condenar, a criação de um governo autónomo na Irlanda do Norte. Uma decisão positiva da sua parte é considerada crucial para o futuro da Irlanda do Norte.
Os partidos radicais da Irlanda do Norte foram os grandes vencedores das legislativas desta semana, agregando, entre si, mais de metade dos votos expressos. O Partido Unionista Democrático (DUP), do reverendo Ian Paisley, conquistou mais seis assentos do que em 2003 e os seus rivais católicos, o Sinn Fein, terão mais quatro deputados na nova assembleia. O mais castigado foi o ‘moderado’ Partido Unionista do Ulster (UUP). Segundo classificado das anteriores eleições, nas quais conquistou 27 deputados, a apenas três da DUP, queda-se agora pelos 18.
Ainda hoje não se sabe ao certo como tudo aconteceu, nem porquê. Mas a realidade dos factos é apenas uma: há 35 anos, 13 civis católicos desarmados foram abatidos a tiro por pára-quedistas ingleses no centro de Derry, Irlanda do Norte, num massacre que ficou conhecido como o ‘Domingo Sangrento’. Três décadas e meia depois, as feridas do conflito continuam por sarar, mas pela primeira vez em muitos anos, há motivo para ter esperança.Ver + notícias