OS PEDIDOS DE DESCULPA
Perante o relatório, divulgado esta semana, o Governo irlandês fez saber que vai apresentar desculpas formais pelos abusos e pelas milhares de mortes.
Numa declaração feita na terça-feira, o primeiro-ministro Micheál Martin disse que o relatório descreve "um capítulo obscuro, difícil e vergonho da história irlandesa muito recente", a qual teve "consequências reais e duradoras para muitas pessoas".
JULIEN BEHAL / HANDOUT
O chefe da Igreja Católica da Irlanda já pediu desculpa.
Numa declaração feita esta terça-feira, o arcebispo elogiou o inquérito que revelou "um capítulo escuro da vida da igreja e da sociedade" e argumentou que a igreja fazia parte de uma cultura em que as pessoas eram estigmatizadas, julgadas e rejeitadas.
18 RESIDÊNCIAS FORAM INVESTIGADAS
Durante cinco anos, uma comissão investigou o funcionamento de 18 residências espalhadas pela Irlanda, entre 1992 e 1998, por onde terão passado cerca de 56 mil mulheres solteiras e 57 mil crianças.
"As mulheres eram admitidas (...) porque não conseguiram garantir o apoio da sua família e do pai do filho. Elas eram forçadas a sair de casa e procurar um lugar onde pudessem ficar sem ter que pagar. Muitos eram indigentes. Mulheres entravam nas residências porque que receavam que as famílias ou vizinhos soubessem da gravidez", lê-se no documento, citado pela Lusa.
A maioria dos casos foram registados nas décadas de 60 e 70 e, de acordo com o relatório, as mães solteiras irlandesas que foram admitidas neste tipo de instituições no século XX foi "provavelmente a mais alta do mundo".
Muitas as mulheres eram jovens cujas gravidezes for a do casamento eram consideradas "ilegítimas" por uma sociedade conservadora devota à Igreja Católica, sendo encaminhadas pelas próprias famílias em segredo para as residências, que se encarregavam de dar os bebés para adoção.