Bento XVI admite erro sobre reunião polémica em caso de pedofilia que envolvia padre
Pede desculpa por “lapso de edição” e diz que esteve em reunião sobre padre pedófilo.
Manuela Guerreiro
25 de Janeiro de 2022 às 08:36
O Papa emérito Bento XVI admitiu ter dado informações erradas sobre a sua presença numa reunião em 1980, quando era arcebispo de Munique, e onde foi discutido um caso de pedofilia envolvendo um padre. Desculpando-se com “um erro na edição” de uma declaração enviada para uma investigação alemã, o seu secretário pessoal veio agora a público dizer que, afinal, o então arcebispo Joseph Ratzinger esteve na reunião: “Lamenta muito esse erro e pede desculpa”, disse Georg Ganswein.
Um relatório revelado na semana passada sobre abusos na Diocese de Munique refere que Bento XVI encobriu quatro sacerdotes que cometeram abusos sexuais entre 1977 e 1982 quando era arcebispo. A investigação, entregue a uma firma de advogados a pedido da arquidiocese, refere documentos que indiciam a cumplicidade de Bento XVI. Foi a esta investigação que o Papa emérito disse não ter estado numa reunião realizada em janeiro de 1980 e na qual foi tomada a decisão de admitir o padre Peter Hullermann - que tinha sido transferido de Essen para Munique, depois de ter sido acusado de abusar sexualmente de um rapaz de 11 anos.
Reiterando que a informação sobre a presença do então arcebispo Ratzinger foi resultado de um “lapso” e não um ato de “má-fé”, Georg Ganswein adianta que na reunião em causa “não foi tomada nenhuma decisão” sobre a missão pastoral do padre Peter Hullermann, tendo sido decidido conceder-lhe apenas alojamento.
De acordo com Ganswein, Bento XVI, de 94 anos, quer explicar como ocorreu o erro, mas primeiro quer concluir a leitura do relatório, de cerca de 2000 páginas, que lhe chegou na última quinta-feira. “Está a ler atentamente as declarações, que o enchem de vergonha e de dor pelo sofrimento infligido às vítimas”, disse Ganswein, lembrando que Bento XVI, que resignou em 2013, “levará algum tempo devido à sua idade e saúde”. Martin Pusch, da firma de advogados Westpfahl Spilker Wastl, diz que Bento XVI pode ser acusado de conduta imprópria em casos de abuso sexual.
Padres e católicos alemães assumem condição LGBTQI+
Um grupo de 125 pessoas ligadas à Igreja católica alemã, que inclui padres, religiosos, trabalhadores das mais diversas áreas e voluntários, anunciou ontem a sua condição LGBTQI+ (comunidade que inclui lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer e intersexuais). “Somos parte da Igreja” ou “não quero continuar a esconder a minha identidade sexual”, dizem os membros do grupo que querem “sair do armário”, exigindo o fim da “discriminação e da exclusão”.
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