Os presidentes Joe Biden e Vladimir Putin mantiveram ontem um encontro de cerca de duas horas por videoconferência, numa altura em que o Mundo receia uma nova guerra na Ucrânia. Por isso mesmo, o presidente dos EUA terá alertado o homólogo russo que a Rússia e os seus bancos enfrentarão as mais duras sanções económicas caso decidam invadir a Ucrânia, como parece ser intenção de Moscovo, que nos últimos meses concentrou meios militares e cerca de 100 mil efetivos na fronteira com o país vizinho.
Desconhece-se o conteúdo exato da troca de palavras, mas Putin terá certamente reiterado a Biden que Moscovo não tenciona iniciar um conflito, mas necessita de garantias de que a Ucrânia não aderirá à NATO nem usará a força, com ajuda dos EUA, para tentar recuperar o território do Leste do país perdido para os separatistas pró-russos no conflito de 2014.
Quanto às possíveis sanções à Rússia em caso de invasão, sabe-se que poderiam incluir o passo extremo de desligar o país do sistema Swift de pagamentos internacionais, usado pelos bancos de todo Mundo para facilitar e acelerar as operações interbancárias.
Putin recebeu a videochamada de Biden na sua casa de férias em Sochi, na costa do mar Negro. Nos breves momentos iniciais abertos à comunicação social, o tom foi amigável, com Putin a acenar a Biden e este a dizer: "Infelizmente, da última vez não conseguimos ver-nos na cimeira do G20. Espero que da próxima vez nos encontremos pessoalmente."
Além da Ucrânia, os temas debatidos ontem incluíram o programa nuclear do Irão e o retomar do acordo de 2015, o controlo internacional de armas nucleares e a cibersegurança, outro tema delicado, pois os EUA têm denunciado ataques feitos a partir da Rússia por hackers possivelmente apoiados pelo Kremlin.
PORMENORESMilhões de refugiadosA Ucrânia alertou que um conflito com a Rússia "será um massacre" e criará cerca de cinco milhões de refugiados em busca de segurança na Europa. O alerta foi feito poucas horas antes da reunião virtual entre Joe Biden e Vladimir Putin.
Letónia pede durezaO MNE da Letónia, Edgars Rinkçviès, considerou ontem que além de sanções económicas, que devem incluir o gasoduto Nord Stream 2, a Rússia deve sentir o reforço da presença da NATO no Leste europeu. O ministro defendeu ainda um apoio militar alargado à Ucrânia.