O número de afetados subiu desde segunda-feira, quando se contavam 170 mil pessoas afetadas, disse Myrta Kaulard, que falava a partir de Maputo numa conferência de imprensa virtual para a sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
A responsável acrescentou que 76 centros de saúde e 400 salas de aulas sofreram estragos consideráveis com a passagem do ciclone Eloise pelo território moçambicano no sábado.
A reconstrução de escolas e centros de saúde é uma das prioridades na recuperação de Moçambique, onde, apesar do trabalho e mobilização do Governo nacional e da comunidade internacional, os recursos continuam a ser "insuficientes", declarou Myrta Kaulard.
As necessidades mais urgentes que a ONU destaca são a disponibilização de tendas, cobertores, comida, água potável, artigos de higiene, equipamentos e máscaras de proteção contra a covid-19 e saneamento.
A responsável da ONU elogiou o "bom comportamento" da população moçambicana a respeitar alertas, obedecer a ordens de evacuação e a provar "incrível demonstração de generosidade" para com os desalojados, sendo que famílias com o mínimo de condições acolhem pessoas em mais necessidade.
Da mesma forma, Myrta Kaulard elogiou também o trabalho das instituições moçambicanas, principalmente do Governo e Proteção Civil, com a presença de pessoal destacado nas áreas afetadas e a comunicação com a comunidade local.
Segundo Myrta Kaulard, as Nações Unidas e comunidade internacional está em constante contacto com as autoridades locais, para a coordenação de ajuda, avaliação de estragos e necessidades e fornecimento de assistência.
Entre as tempestades Chalane (em dezembro) e Eloise, Myrta Kaulard visitou a área afetada no centro e viu uma situação "de quebrar o coração", porque as comunidades "muito pobres" estavam a progredir nas plantações e reconstrução de casas, mas "ficaram ainda mais pobres".
A organização estima que há mais de de 137.000 hectares de áreas agrícolas inundadas, agravando o risco de fome.
"Podemos ver inundações de grande dimensão e muitas pessoas que ainda tentam sair das áreas inundadas", disse a coordenadora residente da ONU em Moçambique.
Nas palavras de Myrta Kaulard, a Eloise foi mais um alarme de que a época ciclónica em Moçambique é "demasiado frequente" para se poder progredir na recuperação, depois do ciclone Idai que atingiu a mesma região há dois anos e causou pelo menos 600 mortes no país.
Segundo a ONU, Moçambique contabiliza 34 mil pessoas infetadas pelo novo coronavírus, o que torna os abrigos disponíveis muito escassos e numa situação "quase impossível" para acolher pessoas desalojadas.
Dados atualizados hoje pela ONU indicam que a tempestade tropical Eloise provocou pelo menos 15 mortos: seis no centro de Moçambique, três no Zimbabué, três em Esuatini (antiga Suazilândia), duas na África do Sul e mais uma em Madagáscar.