A Rússia reagiu esta quinta-feira à resposta escrita de Washington às suas exigência de segurança dizendo que a porta da diplomacia continua aberta para aplacar a tensão na Ucrânia. Mas sublinhou ter "ficado claro" que os EUA "não mostraram disponibilidade para tomar as preocupações da Rússia em consideração".
Apesar dos sinais algo contraditórios, a reação russa deu novo alento à esperança de desanuviamento na Ucrânia e de uma solução dialogada. Essa esperança foi sublinhada pela afirmação taxativa do porta-voz do MNE russo, Alexei Zaitsev, que não só reiterou garantias de que a Rússia não quer invadir a Ucrânia como disse: "Consideramos inaceitável a simples ideia de uma guerra entre os nossos povos."
Quanto às críticas à resposta dos EUA, o que está em causa é o facto de não ter sido atendida a exigência do Kremlin de garantias de que a Ucrânia não virá a integrar a NATO. A Rússia reiterou também que a melhor forma de reduzir tensões é a retirada de contingentes da Aliança Atlântica do Leste da Europa, daqueles países que em tempos integraram a esfera de influência soviética.
A reação russa levou a Ucrânia a salientar que parece indicar que a via diplomática permanecerá aberta nas próximas semanas. "Nada mudou, e essa é a má notícia. Mas a boa notícia é que foi acordada uma reunião em Berlim dentro de 15 dias, o que significa que até lá a Rússia deverá continuar na via diplomática", afirmou o MNE ucraniano, Dmytro Kuleba.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, considerou que as conversações a quatro em Berlim, com a Rússia, a França e a Alemanha, são um passo importante em direção à paz. Zelenskiy anunciou igualmente que debateu esta quinta-feira a situação ao telefone com o homólogo dos EUA, Joe Biden, nas vertentes de segurança, energia e apoio financeiro.
EUA ameaçam travar abertura do Nord Stream 2Os EUA ameaçaram travar a abertura do gasoduto Nord Stream 2, que levará gás diretamente da Rússia para a Alemanha, se a Rússia invadir a Ucrânia. Apesar da ameaça, os EUA só podem travar a abertura do gasoduto com ajuda da Alemanha, que tem mostrado reservas. Contudo, a MNE alemã, Annalena Baerbock, admitiu esta quinta-feira, pela primeira vez, que o gasoduto pode fazer parte das sanções à Rússia.