A cidade de Nice em França viveu esta quinta-feira um dia de terror após um jovem tunisino de 21 anos ter atacado à facada várias pessoas no interior de uma catedral. O presidente francês Emmanuel Macron considerou o episódio como um "ataque terrorista islâmico".
O medo invadiu as ruas e cerca de 4 mil soldados foram enviados para o sul da cidade de Nice para proteger escolas e igrejas. As autoridades francesas temem novos ataques apesar do suspeito, um imigrante de 21 anos, ter sido baleado e detido.
O presidente da câmara de Nice adiantou que o ataque foi motivado por extremismo religioso e que o suspeito gritou incessantemente "Allahu Akbar" - Alah é grande.
Quem são as vítimas do ataque
As vítimas mortais do brutal ataque à faca estavam todas no interior da basílica onde o trágico episódio se deu, na manhã desta quinta-feira, antes da primeira missa do dia.
Uma mulher de 70 anos foi a primeira vítima mortal confirmada. Um homem com idade entre os 40 e 50 anos foi também dado como morto. Ambos apresentavam ferimentos graves de faca na região da garganta.
Uma outra vítima do sexo feminino foi esfaqueada várias vezes e conseguiu fugir para um café próximo da catedral, mas não resistiu aos ferimentos e o óbito acabou por ser confirmado posteriormente.
Quem é o autor do ataqueUm jovem tunisino de 21 anos foi identificado pelas autoridades francesas como o autor do ataque à catedral de Nice que vítimou três pessoas, esta quinta-feira.
Brahim Aoussaoui terá chegado a França no final de setembro, depois de ser expulso da ilha italiana de Lampedusa. Em Itália foi obrigado a cumprir quarentena devido à Covid-19 e só depois expulso do país.
Segundo o Le Monde, o terrorista terá gritado "Alá é grande" enquanto era tratado pelos médicos. O jovem foi transportado para o hospital depois de ser travado a tiro pela polícia.
As autoridades francesas revelaram que o suspeito foi detido na posse de um documento de identidade sem foto e com o nome de Brahim A.
Sucessão de ataques em França e tensão com a TurquiaEste ataque surge na sequência de um outro assassínio que aconteceu no início do mês perto de uma escola a noroeste de Paris. O professor Samuel Paty foi decapitado dias depois de apresentar aos alunos vários cartoons controversos de um profeta.
Os recentes episódios violentos têm aumentado as tensões entre França e a Turquia, isto porque o governo francês tem tentado reprimir o radical islamismo no país.
Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, já pediu aos cidadãos para boicotarem os produtos com origem francesa.
Nos últimos dias a tensão aumentou ainda mais depois da revista Charlie Hebdo ter decidido lançar um cartoon polémico de Erdogan.
França, o país onde os ataques não param
Desde o violento ataque aos escritórios da revista satírica
Charlie Hebdo em janeiro de 2015 que os episódios de violência têm vindo a crescer em França.
Janeiro de 2015 - Dois radicais islâmicos invadem a redação da revista Charlie Hebdo e matam 12 pessoas a tiro.
Novembro de 2015 - Vários homens armados iniciam um ataque coordenado à sala de espetáculos Bataclan, um estádio de futebol e em vários restaurantes e bares de Paris. No total, 130 pessoas morreram e centenas ficaram feridas.
Julho de 2016 - Um homem armado e a conduzir um camião irrompe contra uma multidão nas celebrações do Dia da Bastilha em Nice. 86 pessoas morreram no ataque que viria a ser reivindicado pelo Daesh.
Julho de 2016 - Um padre é morto por duas pessoas numa igreja nos subúrbios de Rouen, no norte de França.
Setembro de 2020 - Duas pessoas acabam esfaqueadas e feridas com gravidade em Paris, numa zona perto da redação da revista Charlie Hebdo, onde radicais islâmicos realizaram o ataque mortal de janeiro de 2015.
Outubro de 2020 - Um professor francês é decapitado perto de uma escola nos subúrbios de Paris após apresentar vários cartoons controversos.