Vamos para duas semanas de perseguição ao responsável por uma série bárbara de crimes, uma ação policial que tem sido um maná para a informação da TV e um pesadelo coletivo: para as autoridades, que desesperam, para as populações, que tremem de medo, para os repórteres, que já não sabem o que reportar, e para nós, infelizes observadores, esmagados pela repetição da expressão "caça ao homem". Ao pé dela, sempre que escutamos outro clássico da literatura policial popular, o celerado "a pente fino", podemos até sentir a aragem da frescura.
Ao longo de 11 dias – meu Deus, quantos mais haverá ainda? – foi dita tanta asneira, menos por jornalistas e bem mais por supostos especialistas, que da justiça à psicologia se julgou útil ouvir, que a CMTV cedo se tornou no porto de abrigo do telespectador colocado perante uma guerra do Solnado.
No início da semana, por exemplo, quando os canais garantiam estar iminente a captura do homicida, o conhecimento de causa fez a diferença: Manuel Rodrigues descria da detenção mediática e Carlos Anjos ‘via’ mesmo o fugitivo Pedro Dias à frente do televisor, a seguir em direto a movimentação dos agentes…
A ministra da Justiça que se deixe de ilusões – isto é um reality show.