Encharcados que estamos de novelas justiceiras que superam os limites da própria ficção, já quase não nos lembramos das ‘boas novas’ de 2014.
Por exemplo, que este foi o ano em que "mandámos a Troika embora". Foi porventura a melhor notícia de 2014. Fez respirar no País outro ar e repôs autoestima e confiança externa. Depois destes anos de crise e austeridade duríssimos, o "País Real" está carente, esperançado ou desesperado por "boas novas". Sem que isso signifique qualquer esquecimento das lições aprendidas, pelo contrário.
Já havia os "problemas estruturais" mas as agruras e a severidade do "memorando de entendimento" e do "programa de ajustamento" deixaram feridas por sarar. Não foram coisa simples que um povo valente despacha numa penada. Levou tempo, exigiu reformas e muitos sacrifícios, que nos qualificam no bem e no mal. 2014 pode bem ter sido um ponto de viragem, a tal "luz ao fundo do túnel" (que não a do comboio!), mas é preciso mais.
O desemprego persiste terrivelmente elevado e o crescimento económico tímido; a precariedade e desvalorização do trabalho são ameaçadoras (social e moralmente falando); as assimetrias territoriais gritantes cavam fossos de oportunidades e na coesão nacional; o Estado mantém-se centralizado, ineficiente e macrocéfalo (com as três dimensões relacionadas…), indiferente às PME e às "terras do Demo"; os fundos europeus do Portugal 2020 ainda não saíram dos cofres e reservam resposta a muitas interrogações. Além disto tudo, agrava-se a grave crise da natalidade, com um envelhecimento acelerado em modo de "prego a fundo". Daqui emerge um complexo antivitamínico que ameaça tanto a sustentabilidade do Estado Social, como o crescimento económico e a própria soberania nacional. A aprovação dos tão aguardados programas do "Portugal 2020" e a luz verde ao investimento na linha aérea Bragança-Vila Real-Viseu-Lisboa/Tires-Portimão, da passada semana, são sinais positivos no cair do pano de 2014. Oxalá cumpram a sua missão e sejam inspiradores em 2015!
Nota final: o Natal exprime uma dádiva benigna, solidária, sem preço e sem exclusões. É por isso que constitui uma ‘boa nova’. Boas Festas para todos!