Nos últimos oito dias morreram três crianças, tragédia agravada num país com uma taxa de natalidade tão baixa. João Maria, de 7 anos, foi abandonado à sua sorte no 3.º andar de um prédio na Guarda. Na sua inquietude, caiu da varanda e morreu. Fala-se de que seria vítima de maus-tratos e de abandono, razão pela qual uma tia apresentou uma queixa-crime, requerendo a guarda da criança.
Um juiz ou um procurador, que sabem de leis, arquivou o processo por falta de provas. Provavelmente tinha razão. Mas com provas ou sem elas, sabemos que o pai do João Maria, um sargento da GNR, se suicidou há cerca de um ano. A mãe passava parte do tempo alcoolizada. E o irmão mais velho, com pouco mais de 20 anos, tinha problemas de toxicodependência, estando em recuperação.
Será que alguém pensou no João Maria?
Correndo o risco de ser apelidado de securitário, continuo a pensar que aquilo que deve ser defendido é o superior interesse da criança e que, em caso de dúvida, as crianças devem ser retiradas aos pais, ainda que temporariamente, para se aquilatar se têm ou não condições para cuidar delas.
Enquanto não assumirmos isto, vamos andar a chorar lágrimas de crocodilo, não fazendo nada por essas crianças.