Uma das superioridades de uma justiça democrática está na sua capacidade de não ser uma forma de vingança. Deve ser exemplar no processo, na pena e na reclusão, balizando sempre a sua ação pela superior defesa dos direitos humanos.
Armando Vara não tem razões de queixa. Teve direito a um processo justo e equitativo, foi condenado com provas sólidas, viu respeitados os seus direitos na cadeia. No fim, cumpriu metade da pena e foi mesmo favorecido por uma lei excecional aprovada em nome dos direitos humanos, em contexto Covid.
O que está errado é a gestão da população prisional com leis deste tipo e a sua permanência em vigor para lá do tempo que lhe seria próprio. Fica a suspeita que, no fim, também serviria para tirar Armando Vara da cadeia. Vara que, de resto, saiu da cadeia com o recorrente discurso de vitimização, como se estivéssemos numa qualquer ditadura. Ou fossemos todos parvos. Já chega de tanto Alfred Dreyfus de pacotilha.