O mundo ouviu pela primeira vez falar de islamofobia após o 11 de Setembro e desde aí a palavra andou esquecida. Penso que terá sido despertada desde que se começou a falar de ‘invasão’ de imigrantes islâmicos. Invasão é, desde logo, uma palavra de sentido bélico, pelo que juntar invasão com Islão não augurava nada de bom. E o resultado está à vista.
Na Alemanha, Angela Merkel, rara defensora de peso da receção de imigrantes, arrisca-se a perder as eleições de 2017 por abrir as portas ao ‘invasor’. E por toda a Europa, e nos EUA, os xenófobos e racistas ganham apoios por prometerem o que a Hungria já fez: construir muros para travar os indesejados.
Esta histeria, pois disso se trata, esquece a mais elementar humanidade. Importa saber que milhares dos que chegam são vítimas de fomes e de guerras? Não. Se nos vêm perturbar o conforto, são dignos de desprezo.
E é assim que todos nós, enquanto nos comovemos com cãezinhos que esperam o dono à porta de um hospital ou com meninos que na Síria escapam a bombas que lhes matam a família, alimentamos ódios e intolerâncias. E nem sequer coramos de vergonha com tão flagrante leviandade e hipocrisia.