Em França, vai uma grande inquietação em redor de Michel Onfray –filósofo, militante de esquerda, fundador da Universidade Popular de Caen, polémico devido às posições depois dos atentados de novembro em Paris.
O que defende Onfray? Dez anos depois das ‘primaveras árabes’ (agora ‘invernos islâmicos’), substituir o "politicamente correto" pela "geopolítica", abandonar a ideia de bombardear o Médio Oriente, obrigar o Islão a fazer parte da República, preferir ditaduras laicas a teocracias islâmicas saídas de eleições. E, na base de tudo, uma reforma da consciência europeia. Nestes anos, diz Onfray (um filósofo hedonista, libertário), substituiu-se o real pelo virtual, o sexo pelo género, e falar de família, estudo, rigor, serviço militar, educação e valores nacionais – é ser reacionário, bolorento e nauseabundo. O resultado é uma geração "sem valores" (hoje, a menção deste vazio gera escândalo), em que os mais novos preferem ser futebolistas ou larápios, quando há meio século preferiam ser médicos, professores ou Maurice Chevalier. Há algo de novo a acontecer na esquerda.
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Citação do dia"o governo preferiu espalhar o prejuízo do Banif por todos os portugueses" João Pereira Coutinho ontem, no CM
Sugestão do dia
Livros do ano (20): Os versos de ‘Uma Vez Que Tudo se Perdeu’, de Pedro Mexia (Tinta da China), sustentam uma ligação de melancolia, autobiografia e ironia, na grande tradição da melhor poesia europeia.