O PCP e o Bloco de Esquerda são, neste momento, a má consciência do governo do PS. Ou, dito de outra maneira, os aliados dos socialistas são assim uma de super ego, os polícias de António Costa. O executivo faz asneira, mete o pé na poça, dá barraca, e lá estão os guardiões do templo.
Criticam o Primeiro-Ministro por causa das suas declarações sobre professores, à conta do seu negociador de confiança no BES e na TAP (Diogo Lacerda Machado), a propósito das respetivas posições europeias, à pala dos bilhetes para o Euro oferecidos ao secretário de Estado pela Galp, no contexto da recapitalização da Caixa e dos salários dos administradores, a reboque do encontro com Temer.
E é quanto basta. Criticam e chega. A coisa continua, não há ruturas ou crises.
A posição dos bloquistas e comunistas deixa sair a pressão da opinião pública, aliviando igualmente a sua consciência. Por outro lado, os eleitores também gostam que esses partidos mantenham a sua identidade de protesto e indignação, enquanto se permite ao Partido Socialista prosseguir o seu realismo pragmático de sempre. Enfim, o segredo da longevidade e estabilidade da geringonça é um grilo falante (e menos atuante). Freud explica.