Dizem as notícias que um carteirista que operava no eléctrico 28 decidiu mudar de vida. ‘Mudar de vida’, vírgula: o seu restaurante lisboeta, iludindo a clientela, cobrava fortunas pornográficas por pratos convencionais. Condenável?
À primeira vista, sim. À segunda, tenho dúvidas: vejo aqui um homem que demonstra um admirável desejo de progredir na carreira, aumentando a escala do seu negócio para lá dos transportes públicos. Além disso, haverá coisa mais lusitana do que tentar crédito fácil sem pensar nas consequências?
Os portugueses que o digam. Segundo parece, os nativos andam a pedir à banca 17 milhões por dia. É um regresso aos gloriosos tempos pré-troika, que acabaram como acabaram: com o Estado a ir ao bolso de todos para pagar as loucuras de uma parte.
O nosso carteirista, pelo menos, não leva o país atrás. E ainda tem a gentileza de oferecer uma mista de marisco como consolação.