Há um ano, António Costa desafiou António José Seguro com o argumento de que ao PS não bastava uma ‘vitoriazinha’, mas há uma semana foi a votos e o que conseguiu foi uma estrondosa derrota. Porém, ao contrário do que se esperaria, não se demitiu, antes se reforçou como "fiel da balança", atrevendo-se até, pasme-se, a aspirar à liderança do próximo Governo. Como? Indo buscar à esquerda mais radical o apoio que os portugueses não lhe deram nas urnas.
A jogada é perigosa, e duvidosa q.b. Que êxito pode ter uma aliança do PS com quem defende a saída do euro, ou o não cumprimento do Tratado Orçamental, com quem, afinal, detesta o partido tanto ou mais do que as forças mais à direita? Tal aliança seria não só frágil como estranha e até contranatura, já que ela forçaria o PS a alienar de certo modo a sua identidade histórica, como partido que sempre recusou trotskismos, maoismos e outros ‘ismos’ do género. Se a jogada não for bluff, das duas uma: ou Costa consegue o milagre da ‘redenção’, ou acabará por conduzir a prazo o PS ao deserto. Para já, as divisões acentuam-se, e a instabilidade cresce no partido.
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