Não era preciso consultar os oráculos para se perceber que a redução na Taxa Social Única dos patrões como contrapartida pelo aumento de 27 euros no Salário Mínimo iria causar turbulência na ‘geringonça’. Mas o primeiro-ministro nem por isso recuou, pois queria terminar o ano com "chave de ouro", com um acordo acarinhado, aliás, pelo Presidente da República.
Fixado na concertação com os parceiros sociais, António Costa não cuidou da concertação com os parceiros no Governo, e o desconcerto agora é total.
Vejamos: o PS insiste em que não vai mexer no acordo, os seus parceiros na ‘geringonça’ prometem não deixar passar a redução da TSU, os patrões não aceitam prescindir do "prémio", e, last but not least, o PSD anuncia, imagine-se, que vai alinhar com a "esquerda radical". É certo que se trata de uma incrível e despudorada ‘pirueta’, mas nem por isso se pode deixar de reconhecer que Passos Coelho tem razão num ponto: o imbróglio começou no interior da ‘geringonça’.
Não se sabe como tudo isto vai terminar, mas para já uma coisa é certa: o acordo, que foi apresentado como uma vitória, pode acabar por revelar-se um fiasco, pondo em causa o valor da própria concertação.