Quando se diz que a social-democracia não tem resposta para as questões colocadas às sociedades desenvolvidas, o que se pretende exatamente dizer? Que a abordagem desenvolvimentista dos neokeynesianos não serve, só porque as escolas económicas estão dominadas pelos neoliberais e são o apoio da dominação do diretório europeu?
Vem isto a propósito das negociações em curso, em que o PS, fazendo tábua rasa do anátema presidencial aos "leprosos" do BE e do PCP, busca solução em todos os azimutes.
Ora não se vê que, aceite pelo PC e pelo BE renegociação da dívida – que de Louçã a Ferreira Leite todos dizem inevitável – em diálogo com a Europa, haja obstáculo de fundo a acordo de Governo à esquerda, se com toda a transparência e garantias de compromisso e a Pàf quiser pôr em prática as políticas que 62% dos portugueses rejeitaram.
Haverá quem no PS só conceba acordo à direita? Claro que há. São os mesmos que vivem dilacerados com a falta de respostas da social-democracia. Se têm vergonha de ser mesmo de esquerda, então já sabem onde ter abrigo.