A promessa de Seguro de que prefere demitir-se a aumentar impostos valeria milhares de votos.
Dois debates em apenas dois dias revelaram-se carga excessiva para candidatos e espectadores.
Ontem, o tom suavizou e Costa saiu favorecido. Seguro parecia já não ter nada de novo a dizer sobre Costa, que assim pôde sorrir.
Cansados os concorrentes, à beira da trégua, ficam impressões gerais: Seguro continua a cultivar a imagem de político que cortou com o passado, que não pactua com falta de transparência, negociatas, cumplicidades ocultas. Já Costa assume a herança, toda a herança, do PS. Carrega o socratismo no discurso, com uma pitada de orgulho.
No plano formal, Seguro saiu favorecido nos dois debates. O lado direito do ecrã é o espaço mais nobre, destacado e persistente, no olhar comum. O melhor lado coube a Seguro em ambos os debates.
Costa apareceu nestes debates à defesa, até contra si mesmo e a dureza que lhe sobe ao rosto e à voz quando se irrita ou indigna. Faz mal. Está a passar pouca energia para quem quer, em golpes sucessivos, ganhar o partido e o Governo.
A promessa de Seguro de que prefere demitir-se a aumentar impostos valeria muitos milhares de votos, numas legislativas.
Mas Seguro não cheira a poder.