Meritíssima Senhora Juíza, Drª Florbela Lança, escrevo-lhe nestes dias tristes em que uma douta decisão de V. Exª ditou o silenciamento do nosso jornal na investigação a José Sócrates. Essa investigação, Meritíssima, vem de longe.
Há no
CM um vasto acervo de documentos (jornalísticos, entenda) sobre este caso. Há aqui no
CM uma memória coletiva, que une velhos e novos jornalistas no esforço de desbravar um dos mais relevantes dossiês das últimas décadas da vida pública portuguesa. Meritíssima, quando, muito antes de qualquer processo judicial, enviámos uma equipa a Paris para percorrer os caminhos diários do ex-primeiro-ministro, não sabíamos o que iríamos encontrar. Imagine a Meritíssima que testemunhávamos um José Sócrates com hábitos de classe média e muito apego ao estudo?

Não estaria aqui a escrever-lhe esta carta aberta, nem V. Exª na foto acima, vergada à assinatura perante o sorriso de um governante de Sócrates.
Meritíssima, a decisão que ditou o nosso apagão é desproporcionada, injusta e sem fundamento. Se nos tivesse dado possibilidade de defesa, talvez pudesse melhor julgar. Mas acatamos a decisão, até a conseguirmos reverter. E, apesar destes dias de chumbo, Meritíssima, continuamos a confiar na independência, sabedoria e bom senso dos juízes de Portugal.