Outrora uma figura icónica pintada em brilhantes murais, Arnaldo Matos deu prova de vida. Antigo educador da classe operária, braço esquerdo a indicar o caminho, o seu longo texto a justificar os atentados de Paris seria um caso de polícia num qualquer país vítima da barbárie perpetrada pelos "oprimidos". Por cá, merece um olhar de reprimenda semelhante ao exibido quando confrontamos uma criança acabada de fazer uma travessura.
O fundador do MRPP define os atentados como um ato legítimo de guerra como resposta ao imperialismo e critica o Partido Comunista Marxista Leninista Francês por ter abandonado "a revolução proletária, o comunismo e a classe operária" ao condenar os ataques como um massacre cometido pela lógica do terror. Mais ainda, aponta capitais de regimes comunistas, da qual Havana é exemplo, como imunes, pelas suas boas práticas, à selvajaria do Daesh.
Ignora, contudo, que esses sistemas não são propriamente reconhecidos pela liberdade da palavra e só um regime democrático permite a publicação de devaneios sem temor de uma autocrítica ou risco de um estranho desaparecimento.