A esquerda está a tentar um curioso exercício de equilibrismo. Está a dar ambas as mãos ao Governo, enquanto finge tê-las no ar, de punho cerrado de protesto.
A entrevista de Pedro Filipe Soares ao ‘Público’ é, nesse sentido, exemplar. Diz o líder parlamentar do BE que o "Governo não tinha mandato político para fazer cativações deste nível". É verdade.
O que não impediu que o fizesse e que BE e PCP andassem um ano a fingir acreditar num milagre financeiro.
Um no qual se sobem salários, se corta horário de trabalho, se repõem benefícios à Função Pública, mas sem mais dinheiro e controlando o défice.
É um aviso ao Governo para o Orçamento, mas é sobretudo um exercício de desresponsabilização política.
Uma espécie de "agarrem-me senão eu mato-o", mas que é mais um pífio "agarrem–me senão eu fujo".