A suspensão da autonomia da Catalunha era o desfecho mais que previsível do braço de ferro entre Mariano Rajoy e Carles Puigdemont. Quando muito, a decisão peca por tardia, e aqui o único culpado é o primeiro-ministro espanhol, que hesitou durante demasiado tempo e deixou que o desafio independentista assumisse proporções inimagináveis.
Madrid sempre avisou que nunca aceitaria negociar a independência e que recorreria a todos os meios legais à sua disposição para a travar. Sendo assim, mais valia ter recorrido mais cedo à ‘bomba atómica’ do artigo 155 para cortar desde logo o mal pela raiz, em vez de esperar até ao último momento, quando as posições já estão inevitavelmente extremadas.
A inação do governo nos últimos três anos encorajou os separatistas e fez com que fossem dando passos cada vez mais irreversíveis, ao mesmo tempo que manipulavam a opinião pública com sonhos de independência e promessas falsas de reconhecimento internacional e viabilidade económica. A sociedade catalã está agora irremediavelmente dividida e o risco de explosão é demasiado grande. Os próximos dias dirão se Rajoy arriscou demais neste jogo da espera.