A Comissão Nacional de Eleições (CNE) voltou ontem a dar uma má imagem de si própria. Já se conhece a discussão anacrónica sobre a cobertura jornalística das últimas ações de campanha antes do período de reflexão, baseada numa lei criada quando não havia jornais online, televisões privadas e canais de notícias; bem como as posições alarmistas por causa do facto inédito de Benfica, FC Porto e Sporting jogarem em dia de eleições.
Mas agora fez mais e não resistiu a gerar polémica em torno de umas palavras irrelevantes de Paulo Portas. E que é evidente ninguém acredita possam vir a condenar o ex-vice-primeiro-ministro a pena de prisão – como prevê a lei para o crime alegadamente cometido.
É óbvio que Portas desejou o voto em Marcelo Rebelo de Sousa, o único que antes do fecho das urnas estava em condições de vencer à primeira volta. Mas a forma como o fez não violou a lei, na melhor das hipóteses demonstra, mais uma vez, que a lei está desadequada.
Já mais moderna foi a forma como João Almeida, o porta-voz da CNE, falou em direto numa televisão, respondendo em simultâneo ao microfone da estação e ao telemóvel que tinha encostado à orelha. Ainda dizem que os militantes do PCP pararam no tempo.