O sorteio de carros promovido pelo Fisco para incentivar o pedido de faturas é mais uma alegoria à política em curso, um jogo em que os portugueses participam conscientes de que o grande prémio sai sempre à casa.
Num Orçamento sem desagravamento fiscal, a surpresa é mesmo o ‘doce’ dos automóveis em segunda mão. Sem travar, Passos Coelho acelera com os impostos e carrega a fundo no custo dos carros a gasóleo, os veículos que já representam a maior parte do parque automóvel.
O Governo aposta em tributar tudo o que mexe, a fazer lembrar os jogos onde se dispara para todas as direções, acabando baleados muitos inocentes. Num Orçamento em que 82% da verba provém de cortes na função pública, nos reformados, Educação e Saúde e apenas 4% visam as taxas para banca, petrolíferas e redes de energia, os contribuintes veem o seu dinheiro desaparecer para tapar os buracos das más decisões.
Em consonância, a Comissão Europeia congratula-se com a proposta de redução da despesa, a "mais amiga do crescimento". Aí está. Se as famílias forem obrigadas a deixar de comer e, depois, a custo, comprarem uma carcaça para dividir, já se nota o crescimento.