Hugo Chávez foi eleito na Venezuela pela quarta vez consecutiva. O facto desiludiu a oposição, ansiosa por mais abertura política e maior liberalismo económico.
Alguns atribuem a vitória aos erros dos opositores (uma vez mais) e quase esquecem as ‘virtudes' de Chávez.
‘El presidente' é figura polémica, populista e dada a alianças pouco recomendáveis (com o Irão, por exemplo). Mas para os milhões de pobres da Venezuela é há 14 anos a mão amiga, e por isso é reeleito.
Diz-se, ainda assim, que Chávez destruiu a economia; que lhe cabe responsabilidade por uma das mais elevadas taxas de inflação do Mundo, mas a análise do descalabro esquece que boa parte dos índices de desenvolvimento, como o PIB, não reflecte a realidade social e muito menos a distribuição da riqueza.
Por isso, nestes tempos de crise que desacreditam o que tem tornado o capitalismo recomendável, temos de nos perguntar, com o sucesso de Chávez em mente, se esse capitalismo que hoje cria, não riqueza, mas ricos não será uma forma de ‘ditadura' que urge reformar; em nome, não de ideários de esquerda caducos (chavistas ou outros), mas da renovação e sobrevivência das democracias.