Ontem, a nota da dívida grega baixou para o nível de lixo. Portugal ainda não está no nível do país balcânico, mas depois da descida abrupta do rating da S&P está à beira do caixote. A degradação da nota é uma tragédia, e as perdas de 1,4 mil milhões registas ontem na Bolsa nacional até são o detalhe menos importante.
Portugal vai ter de apresentar medidas concretas aos mercados para deixar de ser a vítima. Isso significa mais austeridade. O Estado tem de gastar menos e arrecadar mais receitas. A forma como o vai fazer é uma decisão política. Porém, o maior drama num país tão endividado é o acesso ao crédito, que as empresas já estão a sofrer. O Estado paga 5% em obrigações a dois anos, sendo que quatro quintos é de prémio de risco. Os bancos têm de ir lá fora renovar o crédito. Se esta crise não desaparecer rapidamente, os bancos portugueses não conseguirão crédito à barata Euribor: têm de pagar um prémio idêntico ou superior ao do Estado. Se esta crise não acabar, os quase dois milhões de famílias com hipoteca podem esperar uma pressão para a subida dos juros e para a Euribor deixar de ser a referência dos contratos.