O Presidente fez saber que quer acompanhar o plano para a bazuca. Talvez devesse começar por propor uma reformulação profunda. Não é com percentagens nem com taxas de investimento que se mobiliza uma nação, como parece estar subjacente ao documento pomposamente designado de recuperação e resiliência. Não há ali a mais ligeira inspiração, o mais ténue suplemento de alma. Como se o futuro coletivo se jogasse na mera partição de quinhões regionais e por setor de atividade.
Ora, traçar o rumo de um país é muito mais do que fazer contas. Esse tem sido o pecado nacional nestas décadas. Nem só de economia sobrevive o Homem. Gastar todos os milhões o mais depressa possível não é missão que se apresente, a não ser às clientelas disponíveis para amealhar. Qual é o grande objetivo, a grande ambição? Qual o desígnio para os próximos anos? O que vamos legar às gerações vindouras?
Há um silêncio completo em redor de tudo o que transcende a economia. Este é o debate que urge, para evitarmos nova queda, em eterno retorno, no velho mito poético, cujas mágoas sempre lamentamos.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.