A probabilidade da teia de interesses da Associação dos Emigrantes de Leste vir a ser destrinçada, talvez pela Justiça, é agora mais elevada após o ‘Expresso’ ter noticiado a ligação da instituição à Câmara de Setúbal e a forma como, com a conivência da autarquia, foi conduzido o processo de receção de refugiados da Ucrânia em fuga dos atacantes russos. Contou o semanário que o líder daquela associação e a mulher, ambos de nacionalidade russa e com ligações à Embaixada da Rússia em Lisboa, copiavam documentos dos refugiados e inquiriam sobre a localização de familiares, nomeadamente homens no Exército, que ficaram na Ucrânia. É uma prática questionável - legal e eticamente -, que a autarquia comunista de Setúbal deverá ser obrigada a esclarecer mesmo depois das explicações atabalhoadas dadas ontem após a pressão da opinião pública. Demitir a funcionária russa e pedir agora ao MAI para investigar a prática da própria autarquia é desviar o foco da responsabilidade política do seu presidente que, obviamente, teve uma atitude lamentável em todos este processo. Tal como o partido que sustenta a coligação que o elegeu.