O XXI Congresso Nacional do PCP começou esta sexta-feira, em Loures, Lisboa, à hora prevista, às 10h30, hora a que os delegados entoaram "A Internacional".
Eram 10h32 quando foram iniciados os trabalhos do congresso no pavilhão Paz e Amizade.
A presidência do congresso pediu aos delegados que se respeitassem as regras sanitárias devido à situação epidémica em Portugal. Este é o congresso de um partido, disse, que "não se dá ao privilégio e ao egoísmo para se resguarda, enquanto centenas de milhares de trabalhadores estarão nos seus locais de trabalho todos os dias, resistindo à instensificação da exploração a pretexto da epidemia e têm que utilizar transportes".
Jerónimo de Sousa, secretário geral do PCP, abriu esta sexta-feira o congresso do partido com ataque aos críticos do evento. "São os problemas do País que nos trazem aqui, disse.
Jerónimo de Sousa acusou os Estados Unidos da América de terem como alvo a Rússia e a China que têm demonstrado um "desenvolvimento e papel no plano internacional" e afirmou que o novo presidente dos EUA, Joe Biden é um imperador que "constitui uma séria ameaça aos povos e à paz, que encerra o perigo do desencadeamento de conflitos de grandes proporções, incluindo com dimensão nuclear".
Relativamente à União Europeia o presidente do PCP defendeu a construção de "uma Europa de cooperação entre estados soberanos iguais em direitos".
Sobre a situação do país Jerónimo de Sousa criticou a governação de direita: "PS, PSD e CDS, não prepararam o País para resistir a um novo sobressalto". A obsessão pela redução do défice e a falta de investimento em equipamentos e infraestruturas, são as matérias que o presidente do PCP acredita que a 'geringonça' falhou.
PCP criticou a privatização da TAP deixando duras críticas à área dos transportes, das telecomunicações e serviços postais.
Apesar de fazer parte da governação dos últimos anos, Jerónimo de Sousa critica o Governo "na dependência do exterior", na precariedade, em desemprego e "baixos salários, reformas e pensões", "horários desregulados", o "aumento da exploração e do empobrecimento de largas camadas de trabalhadores".
"A persistência do PCP, a sua determinação em não desistir do país, permitiram inscrever na versão final do Orçamento do Estado medidas que terão tradução concreta na vida dos trabalhadores e do povo. O PCP absteve-se na votação final global do Orçamento do Estado garantindo que importantes propostas e soluções pelas quais se bateu e que se consagraram pela sua ação, possam ter tradução na vida dos trabalhadores e do povo", afirmou o líder comunista.
Logo a seguir, no entanto, Jerónimo de Sousa frisou também que a abstenção da bancada comunista "marca um distanciamento face a opções e critérios que o Governo assume num Orçamento que é da sua responsabilidade".
"O Governo não tem qualquer desculpa para dar a resposta que a situação do país e a vida dos trabalhadores e do povo exige. Insistimos que a resposta global à grave situação económica e social que o país atravessa exige o cumprimento das medidas a partir do Orçamento mas também para lá dele", advertiu, aqui numa alusão a matérias como o aumento do salário mínimo nacional e a revisão das leis laborais, matérias que o executivo minoritário socialista pretende colocar em discussão em sede de concertação social.
Jerónimo de Sousa fez um ataque ao PS, que responsabilizou por não ter sido possível ir "mais longe" em políticas e medidas durante os quatro anos de entendimento à esquerda, de 2015 a 2019. "Porque o PS continuou amarrado a opções de classe que limitaram o alcance e extensão da resposta que seria necessária", afirmou, da tribuna do congresso, realizado no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, distrito de Lisboa. Os quatro anos da "nova fase da política nacional", como o PCP se refere ao período de 2015 a 2019, "não alterou de forma significativa a situação que há muito se apresentava desastrosa" relativamente aos resultados económicos.
Secretário-geral do PCP anunciou a adesão de mais 1500 militantes, em resultado de uma campanha, admitiu que as entradas não compensaram as saídas e queixou-se uma "ofensiva reacionária e anticomunista"
No total, são cerca de 600 os delegados -- contra os 1.200 de 2016 -- num congresso que deve confirmar a continuação de Jerónimo de Sousa, secretário-geral desde 2004, há 16 anos, sucedendo a Carlos Carvalhas, e que fez o discurso de abertura.
Os militantes comunistas reúnem-se num concelho governado pelo comunista Bernardino Soares e no mesmo pavilhão, Paz e Amizade, de Loures, onde o XIII congresso, em 1990, elegeu para "número dois" do partido, então liderado por Álvaro Cunhal, o economista Carlos Carvalhas, que agora abandona o comité central.