"É uma obra ridícula a vários níveis", começa por dizer Vanessa Sequeira, do movimento de cidadãos ‘Afinal há uma alternativa’, de Setúbal.
Quer seja na página oficial do Facebook do município de Setúbal, quer seja na página daquele movimento cívico e outros da cidade, a homenagem da autarquia à figura comunista de Álvaro Cunhal – com desenhos do próprio na avenida com o mesmo nome do histórico político português, perfilados naquela que é uma das principais artérias da cidade – tem sido alvo de várias críticas. Desde logo pela figura em si, mas também pelo dinheiro adjudicado à obra.
"Não temos homenagens assim tão grandes a figuras ligadas à cidade como o bispo D. Manuel Martins. O valor da obra (300 mil euros), é um desperdício absoluto", afirma Vanessa Sequeira.
A autarquia esclarece que a instalação dos desenhos naquela avenida é uma homenagem "mais do que justificada". "Álvaro Cunhal foi um dos mais destacados lutadores contra o regime fascista.
Homenageá-lo é, por isso, um dever que agora cumprimos com maior dignidade, uma vez que a avenida tem este nome desde 2013", informa a autarquia. Há setubalenses que reconhecem valor à obra. "Foi um grande homem e não me choca nada apreciar aquela obra", diz Ana Paula Reis.
Os seis placards com desenhos a carvão feitos por Álvaro Cunhal enquanto esteve preso na Penitenciária de Lisboa e no Forte de Peniche, entre 1951 e 1959, foram colocados no dia 10 de novembro numa das principais avenidas da cidade de Setúbal, que dá acesso à Estrada Nacional 10.
Alguns dias depois da inauguração, um dos placards com desenhos foi vandalizado.