Ninguém sabe ao certo quantas são. Os mais deslumbrados admitem ter visto nove lontras, mas a maioria dos relatos fala em três ou quatro.
“Aparentemente é uma mãe com três filhos”, garantiu ao CM Nuno Gomes, do Centro de Investigação Planeta Vivo, que já visitou o local. Explicando que o fenómeno não é tão estranho como se podia pensar, uma vez que Portugal é dos sítios que tem mais lontras, o biólogo adiantou ainda que o rio Uíma tem excelentes condições para os animais, porque tem peixe e abrigo.
No entanto, Nuno Gomes acaba com o sonho da população, assegurando que os animais deverão dispersar-se no final no ano. Até lá, a Junta de Freguesia de Caldas de S. Jorge está a fazer tudo para garantir uma boa estadia aos animais: já mandou limpar o rio e está a vigiar a zona.
Alguns cidadãos estão também preocupados com a segurança dos animais: é caso de Ângelo Cardoso que já apelou à população para avisar a GNR no caso de serem detectados caçadores furtivos. A mais recente atracção de Caldas de S. Jorge é de borla e pode ser vista entre as 21h00 e as 02h00 da manhã.
PROCURAM REFÚGIO EM PORTUGAL
Portugal é um dos países da Europa onde as lontras – uma espécie de mamífero mustelídeo que está ameaçado no continente – são mais abundantes.
“Desapareceram de Itália, Bélgica e Holanda e estão em recuperação em França, Espanha e na Alemanha”, explicou ao CM Nuno Gomes, do Centro Planeta Vivo. O biólogo garante que o nosso país constitui uma excepção na Europa, explicando que apesar de se tratarem de animais de rio, nas costas alentejana e algarvia as lontras arriscam-se a procurar alimento no mar. Pelo contrário, a zona da Estremadura é onde menos aparecem estes animais, que pertencem à família das doninhas e das martas.
O facto de não ter havido grandes alterações nos rios portugueses é, segundo Nuno Gomes, um dos principais motivos que leva Portugal a ser um dos locais mais abundantes em lontras. O biólogo considera que a poluição e a caça furtiva estão, por outro lado, na origem da extinção dos animais em outros países europeus.
Ver comentários