O Governo mantém as escolas abertas, no âmbito do combate à pandemia da Covid-19, mas vai pedir às autarquias que proíbam a utilização dos bancos dos jardins públicos e limitem o acesso às zonas ribeirinhas marítimas. Com as novas medidas esta segunda-feira anunciadas pelo primeiro-ministro, o Governo quer travar os ajuntamentos de cidadãos e reduzir a tendência de propagação da pandemia. Ao fim de semana, o comércio vai fechar mais cedo e é reposta a proibição de circulação entre concelhos.
António Costa anunciou esta segunda-feira, após a reunião do Conselho de Ministros extraordinário, novas medidas de combate à pandemia (ver infografia). No essencial, as medidas pretendem reduzir a concentração de pessoas num mesmo local, de forma a reduzir o risco de contágio da doença. Daí a proibição de permanência em espaços públicos de lazer, como jardins.
O primeiro-ministro reafirmou que, apesar da gravidade da pandemia, "não se justifica, do ponto de vista sanitário, o custo social e da aprendizagem". E acrescentou: "É um custo irreversível para a vida." O Governo decidiu também manter em funcionamento os ATL para crianças.
Em contrapartida, todos os estabelecimentos de qualquer natureza, com exceção do comércio alimentar, encerram às 20h, durante a semana, e às 13h ao fim de semana. O retalho alimentar fecha às 17h ao fim de semana. E é reposta também a proibição de circulação entre concelhos ao fim de semana.
Costa sublinhou que os números do impacto da pandemia vão ser piores nos próximos dias, e que é preciso um esforço solidário para travar a tendência crescente dos contágios. E para que não haja dúvidas quanto à gravidade da situação, foi categórico: "Este não é o momento para festas de anos, para jantares de amigos ou de família. Este não é o momento para aproveitar as brechas da lei, para encontrar a exceção."
Por isso, Costa pediu, de novo, aos portugueses que "fiquem em casa."
PORMENORESProfissionais de saúdeO primeiro-ministro afirmou que "estamos a viver o momento mais grave" e enalteceu o "esforço extraordinário" que os profissionais de saúde estão a fazer.
Menos movimentaçõesCosta considerou que "três dias é um período curto para avaliar o impacto" das medidas aprovadas no final da semana passada. Disse que entre sexta-feira e ontem houve uma redução de 30% nas movimentações.
Jantar de VenturaSobre o jantar-comício do candidato presidencial André Ventura que juntou mais de 170 pessoas, Costa disse que "cabe aos portugueses avaliarem como cada candidato se comporta."
Mais contágios no grupo dos 18-24 anosOs jovens com entre 18 e 24 anos têm a maior taxa de incidência de contágios de Covid-19: são 800 casos por 100 mil habitantes no acumular de sete dias, diz o epidemiologista Manuel Carmo Gomes.
Casos crescem mais no grupo 13-17 anos O grupo etário de jovens entre os 13 e os 17 anos tem registado, nos últimos tempos, o maior crescimento do número de infetados: são 650 casos por 100 mil pessoas acumulados em sete dias.
Polícias apertam fiscalização na ruaAs forças de segurança, como a PSP e a GNR, vão reforçar a fiscalização na rua. Tudo para impedir a concentração de cidadãos e evitar o aumento do risco de contágio da Covid-19. As coimas são a dobrar para os infratores.
Costa admite decretar requisição civil dos hospitais O primeiro-ministro admitiu esta segunda-feira uma requisição civil dos hospitais privados. "A requisição civil será utilizada quando necessária", disse esta segunda-feira António Costa, depois de admitir que a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai aumentar até ao próximo dia 24, e com ela o número de mortos.
As afirmações de António Costa surgem um dia depois de a ministra da Saúde ter dito "que o SNS tem um limite e que está à beira desse limite". Marta Temido lançou um apelo para que todos fiquem em casa "ou nós não conseguimos controlar isto", disse.
O primeiro-ministro também atualizou o processo de vacinação ao dizer que em relação à vacina da Pfizer se deu uma melhoria na gestão do stock de vacinas, e que conta, até ao final da próxima semana, concluir a vacinação da primeira toma em todos os lares que não tenham surtos de Covid.
"Podemos ter toda a confiança na excelência dos profissionais de saúde, podemos ter confiança no esforço que está a ser feito para multiplicar além do limite do previsível a capacidade de resposta do SNS", disse António Costa, acrescentando que o Governo, o Presidente da República e o Parlamento nunca hesitarão em tomar as medidas, "por mais duras que sejam, que se imponham para salvaguardar a saúde pública. Mas há algo que se impõe compreender, avançou o primeiro-ministro: "O controlo e combate da pandemia, em última instância, dependem do comportamento individual."