De acordo com os especialistas, o desconfinamento poderá ser possível a 15 de março, no entanto, para isso é necessário que os casos diários baixem para 1765 e o índice de transmissibilidade seja inferior a 1 em todo o território nacional.
Baltazar Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública, refere que Portugal tem, neste momento, um índice de transmissibilidade na ordem dos 0,74, sendo o país da Europa com o Rt mais baixo, com um nível de incidência de quase 120 casos de Covid-19 por 100 mil habitantes.
No entanto, o especialista alerta que o índice de transmissibilidade está numa fase de crescimento e pode influenciar a possibilidade e as medidas para desconfinar.
Raquel Duarte, da Administração Regional de Saúde do Norte, apresenta um plano alternativo às medidas atuais com medidas menos restritivas. O plano apresentado e as medidas que constam no mesmo foram apresentados tendo em conta o índice de transmissibilidade.
Especialista começa por indicar que os concelhos devem abrir com medidas de nível quatro, tendo em conta a incidência no mesmo e nos concelhos limítrofes.
Ao nível laboral, a especialista defende o teletrabalho sempre que possível, o distanciamento social, no regime presencial e os horários desfasados.
As medidas escolares, apresentadas pela especialista, foram pensadas a nível nacional, tendo em conta que
há um "baixo risco de desrespeito pelas regras, potencial de aglomeração, baixo risco de mobilidade territorial, médio risco de impacto económico, mas altíssimo em termos de impacto social e mental". Neste âmbito, Raquel Duarte explica que a abertura deveria ser gadual, começando com o pré-escolar, sendo que duas semanas depois a abertura do primeiro e segundo ciclos seria efetuado após uma análise.
240 casos por 100 mil habitantes: risco elevado
120 casos por 100 mil habitantes : risco alto
60 casos por 100 mil habitantes: risco médio
30 casos por 100 mil habitantes: risco baixo
0 casos por 100 mil habitantes: risco muito baixo
Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, explica os critérios para determinar a possibilidade de um desconfinamento.
Especialista diz que o controlo da transmissão na comunidade e nos grupos de risco é o primeiro critério a ter conta; de seguida a sustentabilidade e qualidade de resposta nos serviços para doentes sejam elees Covid ou não, e, por fim, minimizar o impacto social e económico das medidas.
Para o desconfinamento é necessária uma taxa abaixo dos 60 casos de Covid-19 por cada 100 mil habitantes, defende o especialista e acrescenta que a taxa de casos positivos deve estar abaixo dos 4%. Também a taxa de ocupação em cuidados intensivos tem que ser inferior a 85%, das que foram abertas em março.
Baltazar Nunes refere que é necessário "assegurar uma taxa de 90% de isolamento de casos potivos", para controlar a pandemia e permitir um desconfinamento, assim como, registar 1765 casos por dia.
O nosso objetivo é ter um R abaixo de 1 e ter o número de novos casos a diminuir, e neste momento, o R está em crescimento. Especialista defende que é necessário mais tempo para descer o índice de transmissibilidade.
Neste momento, a nível nacional, Portugal está muito perto dos 120 casos de Covid-19 por 100 mil habitantes.
A 15 de março já estaremos muito perto da taxa de ocupação desejada em cuidados intensivos e perto dos 60 casos de Covid-19 por 100 mil habitantes.
Assim, o plano começa no nível 0, que contempla apenas medidas individuais não farmacológicas, como uso de máscara, distanciamento e lavagem das mãos, evolui para o nível 1, em que não são autorizadas reuniões com mais de 50 pessoas, prossegue no nível 2, em que se fecham cafés, restaurantes e o comércio, continua no nível 3, em que se interrompem atividades de ensino presencial secundário e superior, e, finalmente, terminam no nível 4, com a interrupção das atividades de ensino presencial no básico e creches.
"Imaginar como é que em cada momento é o momento da incidência dos últimos 14 dias ou o valor atual dos internamentos e, a partir desses valores, prever o que irá acontecer nos próximos 14 dias e, em função daquilo que se espera, decidir já, tirando partido do facto de sabermos que as medidas demoram cerca de 10 dias a atuar. Portanto, temos assim a evidência do que poderá acontecer no pior cenário ao fim de cerca de 10 dias", explicou.
Sem deixar de notar que estes conjuntos de medidas requerem "monitorização e avaliação continuada", Henrique Barros vincou ainda que "as orientações propostas decorrem de um modelo conservador", que resultam da análise da resposta nacional quando existia um menor conhecimento da infeção, menor acesso a testes, número limitado de indivíduos imunes e ausência de vacinação.
Na primeira vaga, as medidas foram tomadas quando o país apresentava uma incidência sete vezes mais baixa do que a atual.
"Para termos impacto na redução da utilização de cuidados intensivos teremos que aguardar até que a vacinação se alargue e tenha grande expressão dos grupos mais de 50 anos", defendeu.
Relativamente à mortalidade, também se mantém a tendência de descida, com 56 mortos por milhão de habitantes, sendo semelhante à terceira semana de outubro.