O tenente-coronel na reserva Marcelino da Mata, que é apontado como o militar mais condecorado da história do Exército português, morreu esta quinta-feira, vítima de doença, no Hospital Amadora-Sintra, onde estava internado e infetado com a Covid-19, adiantaram ao CM fontes militares. O funeral deverá ter lugar nos próximos dias.
Marcelino da Mata, que tinha 80 anos, nasceu em Ponte Nova, Guiné, e integrou as tropas especiais portuguesas, nomeadamente um batalhão de Comandos constituidos só com naturais da Guiné, tendo-se notabilizado em várias operações arriscadas, entre elas a Mar Verde, de libertação de militares portugueses prisioneiros de guerra na Guiné Conacri.
Marcelino da Mata, de etnia papel, começou a carreira como soldado, sendo consecutivamente promovido pelo seu valor e feitos em combate. Dele diz-se ter participado em mais de 2400 operações. Foi condecorado, entre outros, com a ordem militar da Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito e cinco Cruzes de Guerra.
Em 1975 chegou a ser preso e torturado no quartel do Ralis e em Caxias. Acabou por se refugiar em Espanha, de onde regressou após o 25 de Novembro de 1975.
Reações:Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante António Silva Ribeiro
"Morreu, hoje, um extraordinário combatente, que serviu Portugal com honra e glória.
O Tenente-Coronel Marcelino da Mata dedicou toda a sua vida activa ao Exército, onde serviu como praça, sargento e oficial, tendo sido promovido duas vezes por distinção. Fez toda a Guerra do Ultramar na Guiné, sua terra natal, onde se distinguiu pelos feitos em combate, com especial relevância nas Tropas Comandos, sendo o militar mais condecorado da história do Exército Português. Fica-nos a memória de um grande homem e de um distinto militar, que, com extraordinário valor, lealdade e mérito, prestou invulgares serviços a Portugal."