O primeiro-ministro, António Costa, e os líderes partidários reuniram-se esta terça-feira com especialistas para avaliar a situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal, um encontro marcado pela ausência do Presidente da República, que testou positivo para o coronavírus esta segunda-feira. No entanto, recorde-se, Marcelo Rebelo de Sousa testou hoje negativo à doença.
A reunião entre especialistas, dirigentes políticos e representantes de organizações da sociedade civil antecede a decisão de colocar o país em novo confinamento geral para suster o avanço da pandemia depois de na última semana terem aumentado significativamente os números de mortos e de novos casos de Covid-19.
A perceção de risco de contaminação da Covid-19 vai sofrendo alterações. A especialista avança que no verão, a perceção do risco diminuiu, voltando a aumentar agora.
Os homens, jovens e pessoas com menor escolariedade são quem revela menor preocupação com a contaminação.
Nas últimas duas semanas, os inquiridos consideraram as medidas implementadas pelo Governo "pouco ou nada eficazes".
Chegou o momento de Francisco Ramos dar a conhecer o balanço da vacinação, o especialista reveou que mais de 74 mil pessoas já tomaram a primeira dose. Há, neste momento, 72.740 doses reservadas para a segunda toma da vacina contra a Covid-19.
Francisco Ramos garantiu que na próxima semana vai ser dada "prioridade aos lares de idosos e redes de cuidados continuados" na vacinação. "No final de fevereiro teremos condições para terminara vacinação em lares de idosos, cuidados continuados e profissionais de saúde", continuou.
"60% dos doentes recuperados da Covid-19 ficaram com problemas de saúde", afirma especialista.
"É difícil perceber quantos casos escaparam à testagem"
"É difícil perceber quantos casos escaparam à testagem", avançou o especialista, afirmando que houve muitas pessoas a "não ser testadas" na semana do Natal e que, esse fator, pode explciar a "situação aguda" de aumento dos casos.
Manuel Carmo Gomes prevê ainda que a linha dos 700 internados em UCI seja ultrapassada. Mais de 150 mortos por dia a 24 de janeiro. O especialista disse que, mesmo projetando um confinamento igual ao de março, "dificilmente evitaremos 14 mil casos daqui a duas semanas".
A nova variante da Covid-19 "não afeta mais as idades escolares", disse João Paulo Gomes, microbiologista e cientista português, sobre as variantes genéticas do SARS-CoV-2.
Ao contrário do que se pensava, "não há evidência" de que a variante do Reino Unido afete mais os jovens em idade escolar, afirmou o investigador do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
Fecho das escolas vai permitir "redução mais rápida e acentuada" do RT, afirma o epidemiologista.
O especialis Baltazar Nunes aponta também que é no "retalho e lazer" que é possível estabelecer uma relação com maiores movimentos de contactos social e que é possível identificar uma maior mobilidade na véspera de Natal e na Passagem de Ano.
"Nos dias antes da Passagem de Ano, a mobilidade é praticamente igual ao período pré-pandemia e depois uma queda muito significativa, que se aproxima do período de confinamento geral de março", sublinou.
"Se não fizermos nada, mantendo-se o Rt atual, o número de casos e hospitalizações vai continuar a aumentar de forma exponencial. Se implementarmos essas medidas por duas semanas, o Rt volta a aproximar-se de 1. Se for por um mês, já se começa a ver uma redução em todos os cenários. Quanto maior for o confinamento, maior será a redução da transmissão", rematou.
"Mobilidade da população está correlacionada com a transmissão", diz especialista no Infarmed sobre Natal e PDA que, avança, "nos dias antes da Passagem de Ano, a mobilidade aproxima-se dos valores pré-pandemia".
"Número de novos casos ultrapassaram em 130% o valor máximo de novembro", afirma especialista.
"Na última semana saltou par 40%", disse o especialista Óscar Felgueiras, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que explica a evolução do vírus por concelhos.
A Região Norte tem crescimento acima de 30% em grande parte do território. "Há uma variação de crescimento acentuada", sugerindo que "o crescimento ainda está a manter-se com força", afirma o especialista.
"A 26 de dezembro, a tendência estava baixa. Nos primeiros dias de janeiro começa a notar-se um aumento", continuou, referindo que o País se aproxima dos valores apontados em novembro.
Regista-se um crescimento acentuado em Aveiro, com mais 70% de incidência, assim como Braga e Bragança. Viana de Castelo é uma região que está a preocupar os especialistas, devido ao crescimento rápido e sem estar associado a surtos em lares, configurando "uma clara transmissão comunitária".
"Várias áreas do País mais que duplicaram a incidência neste período", referiu o especialista André Peralta Santos, da Direção Geral de Saúde, sobre a evolução da pandemia da Covid-19 em Portugal.
A análise feita pelos especialistas revela também qual a incidência relativamente aos grupos etários.
dos 0 aos 9 anos continua a ser uma taxa de pouco relevo relativamente à incidência. Já dos 20 aos 30 e dos 30 aos 40, são faixas etárias com uma taxa incidência superior.
"Região Norte tem uma tendência decrescente" nos últimos dias, contrariamente ao resto do País.
Já arrancou a reunião no Infarmed. A ministra da saúde, Marta Temido, apresentou os nove pontos que serão apresentados durante a reunião de hoje.
No encontro, que contará com diversas apresentações técnicas, estarão presentes dirigentes de confederações patronais e das estruturas sindicais, e está prevista a participação, por videoconferência, dos conselheiros de Estado e dos candidatos à presidência da República.
Além da avaliação da pandemia nas várias regiões do País, está igualmente previsto um ponto de situação da campanha de vacinação contra a Covid-19 pelo coordenador da ‘task-force’ do plano nacional, Francisco Ramos.