Paula Ferreirinha é a mais recente figura implicada no processo Máfia do Sangue, que investiga o milionário negócio da compra de plasma humano à Octapharma.
De acordo com a revista ‘Sábado’, que revela o conteúdo de escutas efetuadas no âmbito do processo, a antiga jornalista da TVI terá avisado o ex-secretário de Estado da Saúde Manuel Pizarro - que durante algum tempo foi um dos suspeitos do Ministério Público - e o médico Luís Cunha Ribeiro - um dos principais suspeitos do processo, com Paulo Lalanda e Castro - de que a PJ teria pedido documentos ao Ministério da Saúde.
O alerta foi dado no início de 2016. Na altura, Paula Ferreirinha tinha regressado à TVI depois de ter passado pelo Ministério da Saúde, como assessora de Ana Jorge (quando Pizarro foi secretário de Estado) e Paulo Macedo. Mas, apesar de os investigadores que se dirigiram ao ministério a pedir documentos terem informado que o processo estava em segredo de Justiça, a informação chegou a Ferreirinha, que de imediato avisou os alvos da investigação.
A 29 de janeiro de 2016, ligou a Cunha Ribeiro para dizer que tinha "uma coisa" para contar, mas que ninguém podia saber que tinha sido ela. Depois mandou uma mensagem a Pizarro a dizer que tinham de encontrar- -se pessoalmente. A PJ concluiu que Paula Ferreirinha tinha "acesso (direto ou indireto) a informação de dentro" do ministério, perturbando a investigação. O
CM tentou falar com Paula Ferreirinha, mas sem sucesso. Não atendeu as chamadas nem respondeu a SMS.
Questionada pelo
CM, a TVI referiu que "não tinha conhecimento" desta situação. "Mas achamos lamentável", afirmou fonte oficial. A estação explica ainda que a saída da jornalista, por rescisão, em maio de 2017, não teve "nada que ver com este caso" mas que, se ainda trabalhasse na TVI, "isto teria levado à sua saída".
PORMENORES Alerta sobre notíciaA jornalista informou também Luís Cunha Ribeiro que a TVI ia emitir uma reportagem que associava Lalanda e Castro a entidades com sede em offshores envolvidas nos Panamá Papers.
Colega de BorgesNa altura, Paula Ferreirinha era colega de Alexandra Borges, repórter da TVI que foi a autora da investigação que deu início ao processo Máfia do Sangue.
Escutas com CostaNas escutas a Pizarro foram intercetadas acidentalmente 122 conversas com o primeiro-ministro. Foram destruídas.