Ter mais e melhor vida com suplementos
Chama-se medicina funcional ou antienvelhecimento e pretende melhorar o funcionamento do organismo e evitar a doença através da alimentação, do exercício físico e do reforço de nutrientes.
A conselho do médico alemão Ulrich Strunz, autor do livro Para Sempre Jovem e um dos primeiros especialistas em medicina de antienvelhecimento, eliminou os lacticínios e os hidratos de carbono simples, como o pão, aumentou a ingestão de vegetais e fruta. Além disso, toma cerca de 20 suplementos por dia entre minerais, vitaminas e aminoácidos. "Vou fazer 60 anos e tenho muita energia. Sei que tenho saúde."
A médica assistente hospitalar de Imuno-hemoterapia, e diretora clínica da Vitality Clinic, interessou-se por medicina funcional quando tentou resolver lesões provocadas pela dança. "Quando estava a estudar fazia dança contemporânea e fiz muitas lesões. Fui obrigada a enveredar pela musculação para as tratar e percebi que os suplementos podiam ser uma mais-valia no treino." Depois fez uma pós-graduação na Universidade Fernando Pessoa em Bioquímica, Medicina Ortomolecular e Nutrição Clínica Funcional e iniciou a consulta em 2009.
A medicina funcional procura detetar e corrigir desequilíbrios metabólicos e nutricionais que podem levar aos primeiros sinais de doenças crónicas como diabetes, Alzheimer e doenças cardiovasculares. "Não é uma medicina alternativa, é baseada no conhecimento da medicina convencional. Mas em vez de receitarmos paracetamol para uma dor de cabeça, por exemplo, tentamos perceber o que está a causar a dor de cabeça."
Foi isso que levou Irene Costa Leite a mudar o estilo de vida. "Os meus filhos andavam no infantário, apanhavam várias infeções e o pediatra prescrevia-lhes antibióticos. Mas eu não queria que eles tomassem tantos medicamentos", conta. Quando viu uma entrevista ao médico internista alemão Ulrich Strunz resolveu inscrever-se no seu programa Forever Young (para sempre jovem), onde o especialista defende um estilo de vida baseado em três pilares: movimento, alimentação e pensamento. "Aprendemos a fazer jogging, técnicas mentais e a atingir tudo através do metabolismo."
Na consulta com o especialista, avaliou o nível de 47 nutrientes – entre vitaminas, minerais, aminoácidos e ácidos gordos. "Tinha défice de nutrientes essenciais, como vitamina D. Alterei a minha alimentação e comecei a tomar suplementos." Eliminou o açúcar e os hidratos de carbono simples como o pão, as massas e a batata. "Primeiro não sabia como iria tomar o pequeno-almoço sem pão. Agora tomo um smoothie de vegetais e frutos da época, que criei depois de muitas receitas."
Ao almoço e jantar prefere saladas a acompanhar o peixe ou carne, normalmente grelhados, e toma cerca de 20 suplementos. E deita -se cedo. "Às 22h30 já estou a dormir, porque entre as 23h e as 2h o corpo produz a hormona de crescimento." Esta hormona é importante na manutenção dos músculos e dos órgãos e ajuda a regular o metabolismo.
Garante que nunca mais adoeceu. "Não me constipo e as alergias dos meus filhos estão muito melhores." Recentemente lançou o livro Feel Fit Forever (sinta-se fit para sempre) para divulgar os benefícios deste tipo de medicina.
Atletas de alto rendimento
Jaime Milheiro, médico especialista em medicina desportiva e diretor clínico adjunto do Comité Olímpico de Portugal, chegou até à medicina funcional para responder às necessidades dos atletas olímpicos portugueses. "Na altura, achei muito útil para a medicina de alto rendimento. Percebi que quanto mais percebesse de saúde celular melhor podia ajudar os atletas", explica.
Os efeitos do atletismo de alta competição podem ser similares ao processo natural do envelhecimento. "O organismo tem de manter um equilíbrio entre o consumo de energia, o catabolismo, e a construção, o anabolismo. Durante o dia, consumimos e à noite regeneramos. Este equilíbrio perde-se com o envelhecimento e com o excesso de treino", diz.
Mas vamos por partes. Quando o organismo começa a envelhecer perde-se massa muscular, massa óssea e a velocidade de comunicação celular diminui. "Pensa-se que isto possa ser o início da doença", explica Jaime Milheiro. A medicina funcional procura desacelerar este processo natural e permitir que as pessoas fiquem ativas e funcionais durante mais anos. "No curso de Medicina aprendemos a tratar a doença e não a evitá-la. E eu não quero que o médico me trate a diabetes, eu quero que ele evite a diabetes."
A maior parte dos pacientes chega à consulta porque se sentem exaustos. "Os meus clientes são atletas de alto rendimento e pessoas que querem otimizar a sua funcionalidade. Engenheiros, economistas e gestores que estão cansados, queixam-se de falta de memória, não suportam ouvir o telemóvel, um dos sinais de intolerância ao stress", enumera Jaime Milheiro.
Para identificar o problema, os médicos realizam um questionário sobre os sintomas e o estilo de vida dos pacientes, onde se pergunta sobretudo sobre a digestão, o nível de stress e a qualidade do sono. Depois seguem-se os exames, normalmente uma simples colheita de sangue.
"Faço uma análise ao funcionamento intestinal, onde ocorre a absorção dos micronutrientes, e analiso a flora bacteriana, porque há pessoas que sofrem de um desequilíbrio que reduz a capacidade de absorção dos nutrientes do intestino. As pessoas andam cansadas porque não conseguem retirar rendimento dos alimentos", esclarece Jaime Milheiro.
Se os resultados indicarem a carência de micronutrientes, como vitaminas e minerais, essenciais para o bom funcionamento das células, são prescritos suplementos. "A maior parte da população tem défice de vitamina D, magnésio, zinco e, muitas vezes, de selénio", garante Ana Ribeiro, da Vitality Clinic.
Receita: suplemento e exercício
O stress, traduzido no nível de cortisol no organismo, também é avaliado. "É difícil encontrar alguém que não tenha o cortisol desregulado devido ao estilo de vida frenético e à chamada síndrome do never offline, estamos sempre ligados", garante Jaime Milheiro. A hormona do stress está associada ao controlo emocional: em excesso está relacionada com a ansiedade, em défice está ligada à tristeza e à melancolia. "São necessários suplementos para regular o cortisol, mas sempre aliados a técnicas de redução de stress. Não vale a pena dar suplemento sem perceber o que está a criar o stress."
Hélder Pereira Coelho, arquiteto, foi à consulta depois de completar 50 anos porque se sentia cansado. "Queria sentir a mesma vitalidade que tinha aos 40 anos", confessa. A análise ao sangue detetou um desequilíbrio de nutrientes. Como tratamento receitaram-lhe vários nutrientes. Começou por tomar ómega 3, um ácido gordo essencial ao organismo, em seguida vitamina D, importante na regulação do açúcar e na prevenção de infeções. Também não podia ficar de fora a vitamina K, necessária para a coagulação do sangue e para a saúde de ossos e tecidos. Por fim, reforçar os aminoácidos, importantes na construção das proteínas que estão envolvidas nas reações bioquímicas essenciais na manutenção e na reparação dos tecidos. Ao todo toma cinco suplementos por dia, ao pequeno-almoço, almoço e jantar.
Também começou a fazer musculação e corrida. "No início fazia os exercícios com muita dificuldade, mas rapidamente comecei a ter maior resistência." As análises ao sangue são repetidas de seis em seis meses e ao fim de três anos o arquiteto está satisfeito. "Sinto-me lindamente. Tenho os músculos bem definidos e sinto um bem-estar crescente."
Mas os suplementos não resolvem tudo. O exercício físico é fundamental. "Basta ser inativo para o corpo não ter capacidade de gastar o açúcar consumido de forma eficiente", justifica a médica Ana Ribeiro.
Os açúcares são, segundo Jaime Milheiro, um dos principais fatores de envelhecimento. "Os açúcares ativam de forma crónica os recetores de insulina. Isso vai castigar o pâncreas. Todas as nossas glândulas são finitas, temos de as poupar e isso não acontece quando ingerimos açúcar", explica. Por isso, a medicina funcional recomenda uma dieta rica em proteínas e pobre em hidratos de carbono, como o pão e as massas. "A dieta da longevidade inclui boas gorduras, alto teor proteico e pequena quantidade de hidratos lentos, como o arroz basmáti, a batata cozida fria e a banana verde", enumera o médico de medicina desportiva.
Ana Ribeiro aconselha ainda a eliminar os alimentos inflamatórios, onde inclui os alimentos ricos em glúten, os lacticínios e as leguminosas.
Mas não são apenas pessoas à procura de mais vitalidade que recorrem a estes tratamentos. Também há doentes que recorrem à consulta. Em 2010, Gabriela Calheiros foi diagnosticada com tiroidite de Hashimoto, uma doença auto-imune que afeta a tiroide e provoca aumento de peso e cansaço excessivo. "Prescreveram-me medicação hormonal de reposição que teria de tomar para o resto da vida. Isso assustou-me e procurei alternativas", diz a professora, de 51 anos. Para evitar tomar hormonas, foram-lhe receitados cerca de cinco suplementos por dia e uma dieta. "Eliminei o glúten, a lactose e a soja. A melhoria foi incrível, os meus níveis de fadiga baixaram muito."
Gabriela faz ainda exercício físico, apesar de contrariada. "Não posso dizer que gosto, mas sei que faz bem e tento ir duas vezes por semana ao ginásio." O médico de família ficou impressionado com os resultados. "Ele ficou curioso e perguntou-me o que estava a tomar." Já o pediatra dos filhos de Gabriela – que também estão a ser seguidos pelo médico Jaime Milheiro – não concorda com a suplementação. "Diz que não é necessário dar vitaminas. Mas eu notei diferenças. Eles praticam desporto quatro vezes por semana, ao fim-de-semana têm jogos e não estão tão cansados."
O lado da estética
A relação com os médicos convencionais nem sempre é fácil. "Ainda há médicos que acham que só damos vitaminas", diz Ana Ribeiro, que garante respeitar a prescrição dos colegas. "Tenho utentes que fazem uma estatina, o medicamento para o colesterol, e não sou eu que vou retirá-lo. Vou tentar perceber o que provocou o aumento dos níveis de colesterol e se conseguir, comunico com o colega para a possibilidade de se retirar a medicação."
Também há quem recorra à consulta para fins estéticos. Maria da Penha Côpo já tinha feito tratamentos de botox e ácido hialurónico quando decidiu recorrer à consulta de anti-aging de Mariana Morais. A médica especializou-se em medicina estética, mas em 2008, quando ouviu falar pela primeira vez sobre esta medicina numa conferência em Singapura, ficou interessada. "Não tinha rugas porque fazia os tratamentos estéticos e resultava, mas com 35 anos sentia os primeiros sinais de envelhecimento. Sentia-me mais cansada e sem energia", conta.
Resolveu analisar as suas próprias carências de nutrientes e definiu um plano de suplementos. "No início só encontrei suplementos de qualidade na Alemanha, agora encomendo tudo em Portugal."
Maria da Penha Côpo, de 46 anos, começou a ser seguida há seis anos. "Sou decoradora de interiores, viajo muito e tinha os níveis de stress muito elevados." Além de ter cuidado em comer massas sem glúten e de comer sobretudo grelhados, toma quatro suplementos, incluindo ferro e vitamina D. "Sinto-me saudável e mais feliz. As pessoas comentam que pareço muito mais nova."
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