A aldeia de Aljustrel, fátima, onde nasceram e viveram Lúcia, Francisco e Jacinta, é o ponto de partida do Caminho dos Pastorinhos.
Dominada por ruas estreitas e sinuosas, a aldeia está envolvida por terrenos férteis para a agricultura e pastorícia. Os dois irmãos - beatos desde 2000 e a poucos dias de serem canonizados - viviam numa casa modesta logo à entrada, enquanto a casa da prima Lúcia ficava um pouco mais à frente.
Filhos de Olímpia de Jesus e Manuel Marto, Francisco e Jacinta nasceram em 1908 e 1910, respetivamente, e eram os mais novos dos irmãos. Lúcia, que nasceu em 1907, foi também a filha mais nova de Maria Rosa e António dos Santos. Com idades semelhantes, as três crianças brincavam na aldeia e de lá partiam para os Valinhos e para a Cova da Iria, para apascentar o gado, contribuindo dessa forma para a subsistência da família. E foi nesse percurso, que faziam todos os dias, que ocorreram as aparições de Nossa Senhora de Fátima faz agora 100 anos.
O Caminho dos Pastorinhos é feito a pé e integra uma pequena parte da via-sacra, que começa junto à rotunda Sul e termina na capela de Santo Estêvão do Calvário Húngaro, o monumento oferecido pelos católicos húngaros refugiados nos países do Ocidente.
As 15 estações da via-sacra, incluindo a da ressurreição, estão assinaladas e permitem ao peregrino parar para fazer as suas orações ou apenas para desfrutar do espaço envolvente. O caminho foi concebido para ser feito em silêncio e oração, num registo de tranquilidade e paz de espírito, em contraste com as barulhentas brincadeiras das crianças, como seriam na altura os três Pastorinhos.
A poucas centenas de metros das suas modestas casas ficam os Valinhos, onde se destaca um monumento a evocar a aparição de agosto - ocorreu na tarde do dia 19, porque dia 13 as três crianças estavam na cadeia a serem interrogadas pelo administrador de Vila Nova de Ourém. Continuando pelo Caminho dos Pastorinhos, chega-se à Loca do Anjo, onde o Anjo da Paz apareceu, na primavera e no outono de 1916, um ano antes de Nossa Senhora de Fátima.
Na primeira vez o anjo ensinou-lhes uma oração e na terceira trazia um cálice e uma hóstia, tendo a segunda aparição do anjo ocorrido no poço do Arneiro, que fica no quintal da casa de Lúcia.
Agora que se completam 100 anos das aparições, a aldeia de Aljustrel está a procurar reconstruir o ambiente da época, através da exposição de fotos de grandes dimensões afixadas nas paredes das casas.