Enquanto não chegam às prateleiras e em força os azeites portugueses premiados por este Mundo fora, salientemos este, que resulta de uma paixão exacerbada por oliveiras bem velhas da variedade Galega, que só não foram arrancadas e substituídas por outras mais modernas e possivelmente espanholas porque João Rosado - criador do Amor é Cego - achou que seria falta de respeito destruir um olival plantado em Évora pelo seu avô.
Só a história em si já seria razão suficiente para se falar da marca, mas outras circunstâncias puxam-nos para aí.
Em primeiro lugar, os aromas de maçã verde típicos da variedade estão mais salientes nesta colheita (isso e um caráter mais fresco na boca) e, em segundo, a produção baixa da última campanha, que deixou o olivicultor a fazer contas à vida. Não porque João Rosado tenha dificuldades em vender o seu azeite (bem pelo contrário), mas porque o mercado não permite ajustamentos de preços corretos em função das oscilações de produção.
Na colheita passada, e por razões variadas, a natureza fez baixar a sua produção para cerca de 500 litros de azeite. Uma quebra considerável face à safra anterior.
Ora, com tal quantidade de azeite, o produtor não pode, por exemplo, concorrer a alguns dos mais importantes concursos mundiais (os mínimos podem começar nos mil litros), pelo que não consegue rentabilizar a notoriedade merecida na categoria dos azeites maduros. Seja como for, estamos perante um azeite que realça as notas de maçã verde, com a boca a destacar suavidade e doçura e a indicar os frutos secos da variedade.
Ah, já agora, o rótulo do azeite, criado por Rita Rivoti, acaba de ganhar uma medalha de platina num concurso de design em Nova Iorque.