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Correio da Manhã

Boa Vida
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É tempo de lampreia. Saiba tudo sobre este pitéu

A pesca já começou e o ciclóstomo saltou para as ementas dos restaurantes. em especial junto aos rios Minho, Lima, Douro, Cávado e Mondego.
Secundino Cunha 15 de Fevereiro de 2018 às 09:00
Faina da lampreia
Apresenta a boca redonda, dentes cónicos e ventosas
Rosa Maria Simões, cozinheira do Ponte Velha, Monção, prepara uma lampreia
Faina da lampreia
Apresenta a boca redonda, dentes cónicos e ventosas
Rosa Maria Simões, cozinheira do Ponte Velha, Monção, prepara uma lampreia
Faina da lampreia
Apresenta a boca redonda, dentes cónicos e ventosas
Rosa Maria Simões, cozinheira do Ponte Velha, Monção, prepara uma lampreia
José António Covelo lança as redes no rio Minho, entre Seixas e a foz, em Caminha, desde há mais de seis décadas e não tem dúvidas de que este vai ser um bom ano de lampreia.

"Há pescadores a tirar dez ou mais por dia. A chuva dos últimos tempos veio ajudar. Esperemos que haja muita, mas que não seja em excesso, senão lá vai o preço pela água abaixo", afirma enquanto remenda na rede os estragos da última ida ao rio.

Por estes dias, no Minho, a lampreia é paga ao pescador a uma média de vinte euros. No entanto, posta na mesa, custa entre 60 e 80 euros. Apesar do elevado valor, a procura teima em não esmorecer.

"Tem aumentado, é verdade. Notamos que há mais gente a apreciar o sabor particular da lampreia e a procurá-la. Nós recebemos cá pessoas das mais diversas zonas do País, de Braga, do Porto e até de Lisboa", afirma Viriato Barbosa, dono do restaurante Ponte Velha, em Barbeita, Monção.

Até ao dia 15 de abril, mais de 500 restaurantes de várias zonas do País têm no cardápio as várias formas de servir a lampreia. Há casas especializadas nas cidades de Lisboa e Porto, mas muita gente procura-a nas zonas tradicionais de pesca, junto aos rios Tejo, Mondego, Vouga, Douro, Cávado, Lima e Minho.

Grande parte dos restaurantes de boa lampreia situam-se em localidades onde, desde há séculos, o ciclóstomo é vendido pelos pescadores, como Mação, Penacova, Sever do Vouga, Entre-os-Rios, Esposende, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença, Monção e Melgaço. Nos próximos fins de semana há, em muitas destas terras, festivais e outras iniciativas gastronómicas em torno da lampreia.

Estima-se que entre 15 de janeiro e 15 de abril sejam servidas em Portugal mais de cem mil lampreias, num volume de negócios que deve ultrapassar os sete milhões de euros.

Um ‘Prato de Excelência’
Até dia 15 de abril, os fins de semana são dedicados à degustação da lampreia do rio Minho nos restaurantes aderentes. Promovida pela ADRIMINHO em associação com os seis municípios do Vale do Minho: Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira, a iniciativa ‘Lampreia do Rio Minho – Um Prato de Excelência’ conta com a participação de 12 restaurantes localizados em Melgaço. 

Diversos sabores do ‘bicho feio’  
Aspeto não é, como se vê, o mais apetitoso, mas o sabor depressa atira para o esquecimento a má imagem do ‘bicho feio’.

Até finais do século passado, a lampreia era, no essencial, servida de duas maneiras: com arroz e à bordalesa. Havia ainda, sobretudo em Monção e Melgaço, quem a secasse no fumeiro, para comer ao longo do resto do ano, assada na brasa e servida com batatas cozidas e ovos. Mas, hoje, há já muitas maneiras de cozinhar o ciclóstomo que abandona o mar para desovar nas nascentes dos rios. Lampreia panada, lampreia fresca assada no forno com batatinhas, lampreia fumada assada no forno com grelos ou lampreia frita com cogumelos. Isto para não falar da nova cozinha, ou da cozinha dos chefs, cujas criações não têm fim. A verdade, no entanto, é que as chamadas ‘novas maneiras’ de cozinhar a lampreia não têm conquistado a preferência dos comensais.

Os apreciadores continuam a preferir o tradicional arroz de lampreia ou a lampreia à bordalesa, com torradinhas.

Um mundo em redor do ciclóstomo 
Confraria

Fundada a 3 de agosto de 2006, a Confraria da Lampreia de Penacova tem como objetivo a defesa e promoção da gastronomia tradicional portuguesa e, em particular, a gastronomia do concelho, sendo a lampreia à moda de Penacova o prato mais conhecido. O arroz de míscaros, os peixes do rio, a chanfana e o arroz malandro de galinha velha ou coelho são outros pratos tradicionais de grande expressão, a que não faltam os doces conventuais. Quanto ao traje, é marcado pelo capote, um chapéu de cor preta e aba larga, fato e sapatos pretos, camisa branca e gravata. As confreiras usam fato preto ou preto e branco. No que respeita a insígnias, realce para a medalha branca e azul que simboliza a água do rio e as ondas do mar.

Belas paisagens
A CP promove um programa de um dia pela Linha da Beira Baixa, até Tancos, barragem de Belver ou Ródão, onde pode apreciar uma bela paisagem e provar lampreia. A refeição é paga diretamente no restaurante selecionado. Em Tancos, a iniciativa contempla o restaurante Almourol. Está incluído um passeio de barco no Tejo com visita ao Castelo de Almourol e tarde com jogos tradicionais (condicionado às condições climáticas). Na barragem de Belver, o restaurante escolhido é A Lena, no apeadeiro de Belver. Já em Ródão, cabe ao Vale Mourão receber os convivas. Informações pelos telefones 249 132 752 ou 919 988 775.

Exposição
O Aquamuseu do rio Minho, em Vila Nova de Cerveira, recebe até dia 31 de março uma exposição intitulada ‘A Pesca da Lampreia Marinha no Rio Minho’. A mostra visa dar a conhecer as características gerais, períodos e artes de pesca, a pesca ao longo dos tempos e histórias. Para ver de terça a domingo.

Rali em Monção
A 24 e 25 deste mês, Monção distingue a lampreia do rio Minho com a apresentação deste prato tradicional em 19 restaurantes do concelho. Do programa constam animação popular e, no domingo, dia 25, a XLI edição do Rali à Lampreia, perícia automóvel no centro histórico que atrai milhares de pessoas à terra de Deu-la-Deu, Alvarinho e Termas. Decorrem duas provas.

Algumas curiosidades 
Em Portugal existem seis espécies de lampreia: lampreia-marinha, lampreia-de-rio, lampreia-de-riacho, lampreia-da-costa-da-prata, lampreia-do-nabão e lampreia-do-sado.

Trata-se de um ciclóstomo do grupo dos agnatos, não tem verdadeiras mandíbulas nem barbatanas. Apresenta a boca redonda, com dentes pequenos e uma ventosa. No século passado era abundante, a partir dos anos 60, devido à poluição e às barragens, regista-se um declínio.

Onde comer em Lisboa
Tico-Tico

Morada Avenida Rio de Janeiro, 19
Telefone 218 491 495
12h00-23h00
Dose individual 37,5 €

Pinóquio
Morada Praça dos Restauradores, 79
Telefone 213 465 106
12h00-24h00
Dose individual 37 €

Tasca do João
Morada Rua do Lumiar, 122
Telefone 217 590 311
12h00-16h00/19h00-23h00 Encerra ao domingo
Lampreia inteira 90 €

Adega da Tia Matilde
Morada Rua da Beneficência, 77
Telefone 217 972 172
12h00-16h00/19h00-23h00
Encerra ao sábado à noite e domingo
Cada pedaço 11 €

Solar dos Presuntos
Morada Rua das Portas de Santo Antão, 150
Telefone 213 424 253
12h00-15h30/19h00-23h00
Encerra ao domingo
Dose individual 29 €

Onde comer no Porto
O Gaveto

Morada Rua Roberto Ivens, 826, Matosinhos
Telefone 229 378 796
12h00-01h30
Dose individual 35 €

Casa Inês
Morada Rua de Miraflor, 20
Telefone 225 106 988
12h00-15h00/19h30-22h30
Domingo só almoços
Lampreia inteira 70 € Só por encomenda

Adega de São Nicolau
Morada Rua de São Nicolau, 1
Telefone 222 008 232
12h00-23h00
Encerra ao domingo
Dose individual 26,5 €

Casa Lindo
Morada Tv. Convenção de Gramido, 26, Valbom
Telefone 224 830 200
12h30-22h00
Encerra à terça-feira e domingo ao jantar
Dose individual 30 €

Casa Marajá
Morada Rua Roberto Ivens, 603, Matosinhos
Telefone 229 382 352
12h00-01h00
Encerra à segunda-feira
Dose individual 50 €



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