E ao sétimo disco de originais, António Zambujo decidiu virar-se do avesso. O novo disco, assim mesmo intitulado 'Do Avesso', é o mais arriscado e ambicioso, mas também o mais belo do cantor. Há orquestra, há influências anglo-saxónicas de Tom Waits a Beatles, há amigos de longa data e amigos novos.
"Este é um disco que supera as minhas expectativas", começa por dizer o cantor que, embora mais afastado do fado tradicional, continua com as suas raízes à flor da pele. "Há aqui influências que se evidenciam mais, mas o resto está lá como o fado e a música tradicional quanto mais não seja pela maneira de eu cantar. A forma como os velhotes cantavam lá na taberna do Sintra está muito presente. Aí estão as minhas origens e daí eu nunca me descolo."
Com 14 novos temas, 'Do Avesso' é um disco quase cinematográfico, fruto da inquietação de um músico que faz questão de seguir o instinto e cumprir apenas a sua vontade. "Nunca faço nada a pensar no público", diz, entre risos. "Tudo o que faço é puro egoísmo. Claro que tenho sempre a esperança de que as pessoas gostem, mas na altura em que estou a fazer música é exclusivamente para mim." O novo trabalho, a editar sexta-feira, conta com canções da autoria de Miguel Araújo, Jorge Drexler, Luísa Sobral, João Monge, Márcia e Aldina Duarte, entre muitos outros.
PERFILAntónio Zambujo nasceu em Beja, a 19 de Setembro de 1975. Cresceu a ouvir cante alentejano, Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro e Max. Aos oito anos, começou a estudar clarinete e, aos 16, ganhou um concurso para jovens fadistas. Já em Lisboa juntou-se ao Clube de Fado e fez parte do musical 'Amália', de Filipe La Féria. Editou o primeiro disco, 'O Meu Fado', em 2002. Há dois anos, gravou um álbum de tributo a Chico Buarque.