Tinha mesmo de ser Zaidu. O lateral que há três anos jogava no Mirandela, tantas vezes patinho feio dos próprios adeptos, correu à velocidade da Luz para a felicidade. Aos 90’+4, o canto até era para o Benfica e o nigeriano estava junto ao poste direito da baliza portista. O sprint da glória demorou meros instantes: contra-ataque, passe de Pepê e um remate do herói improvável para o golo do trigésimo título do FC Porto. Há campeão.
Antes desse foguete que abriu as celebrações, assistiu-se em Lisboa a um jogo de nervos, quezilento. Na primeira parte, apenas uma grande oportunidade de golo para Taremi, que viu Odysseas negar-lhe as intenções (15’). A recarga de cabeça também não saiu bem.
O colega da frente, Evanilson, não fez melhor na abertura de uma segunda metade que ficaria marcada pelo minuto 52. Bola lançada por Taarabt para as costas da defesa do FC Porto e Darwin com um trabalho incrível sobre Mbemba, finalizado com um disparo colocado para o 1-0. Festa dos encarnados no Estádio da Luz, com o uruguaio a tirar até a camisola, o que lhe valeu um amarelo. Só que o êxtase foi abaixo logo a seguir, com o VAR: fora de jogo por dois centímetros e de novo 0-0, que interessava aos dragões.
Falta para aqui, amarelo para ali e dois expulsos nos respetivos bancos. A discussão acabou nos descontos. Canto para o Benfica, corte de Pepe, corrida desenfreada de Pepê, só ultrapassada pelo sprint de Zaidu. O nigeriano rematou de primeira, ao ângulo. A mesma zona onde entrou a bola de Herrera no primeiro título de Conceição. Este é o terceiro do técnico, em cinco anos. O 30º do FC Porto.
Positivo e negativo:
Fez do FC Porto campeão
Zaidu é o herói do jogo. Daquelas narrativas que dão filmes: um jovem que, em três anos, passa do Mirandela para chorar no golo de um título. Mas o herói da conquista é Conceição. Mesmo depois de ficar sem Díaz, fez do Porto campeão. Outra vez.
Má época, péssimo fecho
O Benfica teve uma época para esquecer ao nível das provas internas e fechou o ano na Luz da pior maneira, com uma derrota e o rival a festejar o título. Muito para mudar e refletir no clube encarnado, tendo em vista um futuro de sucesso.
Arbitragem: Questão de centímetros
É um dos lances do jogo. Darwin marca um belíssimo golo, mas a jogada é invalidada pelo VAR, por um fora de jogo de dois centímetros ao uruguaio. De resto, Godinho falhou no critério disciplinar, mas não teve decisões com influência no resultado.
Zaidu foi herói numa equipa que fez da defesa o melhor ataque
Diogo Costa – Não vacilou quando foi verdadeiramente testado aos 87 minutos.
João Mário – Exibição irrepreensível a defender, com vários cortes oportunos. Atacou menos do que o costume.
Mbemba – É de uma regularidade impressionante. Uma das traves-mestras em que assenta o campeão.
Pepe – Um líder, até na forma (polémica) como ‘congela’ o jogo ficando no relvado após contactos físicos.
Zaidu – Divide com João Mário o mérito de o Benfica não ter existido nas faixas. Excelente remate no golo foi cereja no topo do bolo.
Grujic – Cumpriu a missão de dar segurança defensiva.
Vitinha – Seguiu o plano de Conceição, com mais transpiração do que inspiração. Remate perigoso aos 86’.
Otávio – Grande passe a isolar Taremi. Mais um que se entregou ao trabalho.
Pepê – Arrancada impressionante nos descontos para assistir Zaidu para o golo.
Evanilson – Remates fracos aos 15’, 46’ e 50’.
Taremi – Falhou a melhor oportunidade do 1º tempo. Exibição curta.
Galeno – Refrescou uma das faixas.
Eustáquio – Sem influência.
Toni Martínez – Idem.