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Correio da Manhã

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Rafa salva Benfica no Minho com golo nos descontos

Resultado permite à equipa de Jorge Jesus regressar à liderança isolada. Próximo jogo é para a Taça da Liga, em Guimarães.
Filipe António Ferreira 25 de Outubro de 2021 às 01:30
Rafa Silva tenta criar perigo perante a vigilância atenta do adversário  Nuno Moreira
Rafa Silva tenta criar perigo perante a vigilância atenta do adversário Nuno Moreira FOTO: Luís Vieira, Movephoto

Vitória sofrida, no último suspiro, também vale três pontos e garante o regresso do Benfica à liderança da Liga, dividida durante 24 horas por FC Porto e Sporting. Rafa Silva, nos descontos, fez o único golo diante de um Vizela que colocou muitas dificuldades aos encarnados e que, por isso, merecia outro resultado.

Não, o Benfica não tirou coisas positivas da goleada sofrida com o Bayern (se é que havia algumas), como disse Jorge Jesus. Em Vizela, as águias estiveram a dormir praticamente toda a primeira parte.

Pela frente, uma equipa que tentou aproveitar os erros dos encarnados (que foram muitos) e que dispôs de três chances claras para marcar, que Odysseas conseguiu anular.

Já a formação de Jorge Jesus, muito lenta e a tentar os passes curtos e frontais, só teve uma clara oportunidade de golo e apenas à passagem da meia hora de jogo: Diogo Gonçalves (única mudança face ao onze que jogou com os alemães para a Champions) disparou para defesa fantástica de Charles.

Jesus bem gesticulava para dentro de campo, mas os seus jogadores raramente seguiram as indicações. O cansaço pode justificar grande parte da má exibição das águias até ao descanso, mas não explica tudo.

As melhorias do Benfica foram poucas após o intervalo, mas ainda assim serviram para empurrar o Vizela para a sua área. Ao contrário do primeiro tempo, o Benfica, mesmo sem jogar bem, teve mais chances. Do outro lado, o Vizela, sempre muito incómodo, não deixava o adversário serenar.

Jesus mudou, tirou os laterais e pôs mais gente na frente, mas isso não foi sinónimo imediato de mais perigo. O Vizela baixou linhas e assumiu a defesa do 0-0 sem grandes sobressaltos.

Perto dos noventa, o Benfica voltou a carregar e esteve perto de marcar por Radonjic e Taarabt. Quando já ninguém acreditava noutro resultado que não o nulo, Pizzi puxou do seu melhor atributo e fez um passe de morte para Rafa, que acabou por decidir o jogo.
Depois de duas derrotas (ambas no Estádio da Luz) e uma vitória no prolongamento (com o Trofense para a Taça de Portugal), a águia regressou aos triunfos. Sofreu, é certo, mas garantiu a liderança isolada na Liga. Quarta-feira há mais, também no Minho, para a Taça da Liga, com o V. Guimarães.

POSITIVO E NEGATIVO
+ Ambiente fantástico
O golo nos descontos provocou muita desilusão, mas os adeptos do Vizela estão de parabéns. Um apoio fantástico com um adversário que normalmente enche os estádios. Não foi o caso. Os adeptos mereciam um pouco mais, mas o futebol é isto.

- Entrar a dormir
Mudar o chip depois da Champions e ainda por cima depois de uma goleada não é fácil. O Benfica entrou a dormir e só deu sinais de retoma à passagem do minuto 30. O Vizela também contribuiu para esse período para esquecer das águias.

ARBITRAGEM
Sem casos
Sempre muito perto dos lances, não teve casos complicados para decidir. Também os assistentes tiveram um final de tarde acertado no que aos foras de jogo diz respeito. Boa decisão ao anular golo a Rafa por posição irregular.

"Fizemos de tudo para ganhar"
"Fizemos de tudo para ganhar, não havia mais nada para arriscar e voltámos à liderança, que é o nosso lugar", disse Jorge Jesus no final do encontro. O técnico das águias elogiou o adversário: "Esperava um jogo difícil e confirmou-se. O Vizela não perdia aqui há cinco jogos e defensivamente é uma equipa muito compacta. Durante o jogo, o Benfica comandou, mas não dominou. Na primeira parte não fomos muito agressivos nas zonas de decisão. Fizemos uma grande segunda parte, o Benfica nunca se partiu, nunca perdeu a identidade e a prova disso é que o golo nasce de uma grande jogada. Só marcámos um golo, mas é preciso dar muito mérito a quem defende, bem como a nós."

Ainda assim, o técnico deixou algumas críticas ao antijogo do emblema vizelense: "Ainda são algumas características do futebol português que estão enraizadas". "Quando vens de uma competição como a Champions, com 70 mil nas bancadas, e chegas a um estádio completamente diferente… Por muito que fales com os jogadores, que digas que o objetivo é o campeonato, isto é mental", reconheceu.

"Quisemos sempre ganhar"
"Perdeu a melhor equipa. E perdemos porque quisemos sempre ganhar, mesmo no último lance, os jogadores quiseram fazer ligação e levar a bola para o meio-campo ofensivo. Nunca nos desviámos do que queríamos e a nível de oportunidades tivemos mais. Ainda assim, acredito que o Benfica tenha tido mais posse de bola", disse Álvaro Pacheco, treinador do Vizela.

"Sabia que Rafa não estava em condições"
"Sabia que o Rafa não estava em condições físicas, mas sempre acreditei nele, sabia que numa jogada rápida podia surpreender. Acabou por ser ao contrário do que pensava e foi numa finalização", disse Jorge Jesus sobre Rafa Silva, que acabou por fazer a diferença.

Pizzi serviu de bandeja o salvador
o Odysseas – Foi dos melhores da equipa, fazendo cinco defesas, algumas de grande nível.
o Diogo Gonçalves – Ativo na direita, foi dos primeiros a rebentar e a sair.
o Lucas Veríssimo – Central feroz, limpou o que lhe apareceu pela frente.
o Otamendi – O capitão cortou e saiu várias vezes a jogar.
o Vertonghen – Cortes de bom nível, protagonizou uma jogada aos 35’ de craque.
o Grimaldo – A dinâmica do costume na esquerda, ontem inconsequente.
o Weigl – O pêndulo do meio-campo, a cortar jogo e a sair com muito critério.
o João Mário – O tipo de jogo habitual, ontem menos vistoso e com pouca sequência.
o Rafa - O avançado não fez grande exibição mas foi ele que resolveu o jogo e garantiu os três pontos. Ontem correu quilómetros e ainda teve ‘combustível’ para ser ele a encostar para a baliza.
o Darwin – O avançado quer muito, trabalha muito, corre muito mas, na área, tem falta de critério - a finalizar e também no último passe.
o Yaremchuk – O ucraniano fartou-se de lutar perante boa dupla de defesas-centrais.
o Gonçalo Ramos – Deu muita luta à defesa contrária mas não teve muita bola.
o Everton – Agitou na esquerda, mas pouco.
o Rodonjic – Entrou bem no jogo, deu intensidade à direita, fletindo para o centro.
o Pizzi – Essencial a fazer a assistência para o golo.
o Taarabt – Ajudou a ganhar.

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