Portugal caiu este domingo no mata-mata com a Sérvia e falhou a qualificação direta para o Mundial 2022 que decorre no Qatar, ao perder no Estádio da Luz por 1-2.
Fernando Santos revolucionou o onze que tinha empatado a zero com a Irlanda. Só Rui Patrício, Cristiano Ronaldo e Danilo (tinha jogado a central e este domingo foi trinco) resistiram. Ainda se questionavam as opções do selecionador português, com um onze mais defensivo do que o habitual, quando Portugal se colocou em vantagem com um golo de Renato Sanches. Estavam decorridos dois minutos quando Bernardo Silva roubou uma bola à entrada da área ao ex-sportinguista Gudelj e deu para Sanches, que desferiu um remate forte para o 1-0. O Estádio da Luz explodia de alegria. Mas enganou-se quem pensou que Portugal estava lançado para uma noite de sonho.
O golo de Portugal acabou mesmo por libertar os sérvios para o ataque, pois só o triunfo... servia. Curiosamente, o golo teve um efeito diferente para a seleção nacional, que se encolheu no jogo. Cerrou linhas para travar o ímpeto dos forasteiros, desesperados na procura do golo. A vantagem não fez Fernando Santos mudar o guião que tinha. Solidariedade a defender e esperar que o talento individual resultasse num golo.
Os laterais, Cancelo e Nuno Mendes, ficaram retidos nas tarefas defensivas. Não atacavam.
Os sérvios aproveitaram o espaço e a preocupação defensiva para ganhar o meio-campo. Vlahovic dispôs de uma boa ocasião, mas o remate embateu no poste e na recarga rematou por cima.
Portugal não acordou e continuou a ‘meter gelo’ no jogo, mas revelava intranquilidade. Bernardo Silva, Renato Sanches e CR7 bem tentavam transportar o jogo, mas sempre com dificuldades e sem presença na área adversária.
Até que os sérvios empataram, num golo de Tadic, com um remate à entrada da área que bateu em Danilo e acabou por trair Rui Patrício, que ficou a ver a bola entrar na baliza após uma defesa incompleta.
Na etapa complementar, notou-se que Portugal estava satisfeito com o empate. Os sérvios não. Lutaram, lutaram e viram o esforço premiado com um golo de Mitrovic no último minuto. Portugal caiu e vai disputar o play-off.
Positivo e negativo
+Arranque de Portugal
Bernardo Silva e Renato Sanches entraram concentradíssimos no jogo. Um a pressionar e a ganhar a bola a Gudelj, e o outro a rematar sem hesitação para o 1-0 quando estavam decorridos dois minutos. O pior veio depois...
- Fernando Santos
O selecionador nacional mostrou que não estava preparado para um golo madrugador. Mesmo em vantagem manteve-se fiel ao guião claramente defensivo e consciente de que o empate bastava. A equipa encolheu-se com o golo e pagou caro.
Arbitragem
Erros sem... influência
O árbitro italiano teve uma arbitragem intermitente, mas sem influência no resultado. Bem ao mandar jogar nos lances mais difíceis, nomeadamente quando Renato Sanches e João Moutinho pediram penálti. Alguns cantos ficaram por assinalar.
Play-off decide-se em março
Portugal ainda se pode qualificar para o Mundial no Qatar via um play-off que se vai disputar de 24 a 29 de março do próximo ano. Essa fase terá 12 equipas: os dez segundos classificados da qualificação e duas seleções repescadas da Liga das Nações - ainda falta conhecer quatro dos 12 apurados. Serão sorteados três ‘blocos’ de quatro equipas cada. Cada quarteto vai disputar, primeiro, uma meia-final, e os dois vencedores passam para a final. O vencedor do jogo decisivo em cada um dos três ‘blocos’ assegura o passaporte para o Qatar. A seleção nacional tem a vantagem de ser cabeça de série no sorteio que se vai realizar em Zurique (Suíça) ainda este mês, no dia 26. A equipa das Quinas terá, por isso, direito a jogar a meia-final num estádio à sua escolha.
Momentos do jogo
2’
Bernardo Silva pressiona alto e ganha uma bola a Gudelj (fica a pedir falta sem razão) à entrada da área e deu para Renato Sanches, que entra na área e remata para o 1-0.
33’
Tadic tira João Moutinho do caminho e remata para a baliza. A bola desvia em Danilo Pereira e acaba por trair Rui Patrício, que ainda toca na bola, mas não impede que esta entre na baliza.
90’
Canto curto para Tadic, que cruzou para a grande área, onde Mitrovic salta ao segundo poste para fazer o golo da vitória. Um balde de águia fria nas pretensões portuguesas.
Sanches deu falsa esperança à Seleção
Rui Patrício – Mal batido no primeiro golo da Sérvia, apesar do desvio sofrido pela bola em Danilo Pereira.
João Cancelo – Não foi pelo seu corredor que a Seleção comprometeu.
Rúben Dias – Liderou uma defesa que sentiu muito a falta do líder habitual: Pepe.
José Fonte – Falhou a posição no segundo golo sérvio.
Nuno Mendes – Muitas dificuldades para segurar as investidas adversárias. Precisa de ganhar experiência.
Danilo Pereira – Não defendeu mal, mas construiu pouco. Não parece confiante.
Bernardo Silva – Foi, até sair, o melhor jogador português em campo.
João Moutinho – Até esteve perto do golo, mas faltou-lhe um bocadinho assim.
Renato Sanches - Não chegou, é certo, mas foi o momento alto da partida para Portugal. Ao minuto 2, aproveitou bem a recuperação de bola de Bernardo e, com classe, marcou o único golo luso.
Cristiano Ronaldo – Muito abaixo do habitual, o capitão não teve espaço para jogar.
Diogo Jota – Devia ter saído do jogo mais cedo. Uma sombra do que já mostrou.
Bruno Fernandes – Entrou, mas não se viu.
João Félix – Apenas um sprint e um canto ganho.
Rúben Neves – Correu muito, mas jogou pouco.
João Palhinha – Mostrou em meia hora que devia ter entrado de início.
André Silva – Quatro minutos não dão para nada.