Não é inédito, mas quase: na última década, esta é a apenas a terceira vez que o 'dragão' falha a prova que ganhou em 2016. Por isso, Rui Vinhas juntou-se ao campeão nacional de fundo, José Neves, os dois muniram-se de bicicleta e equipamento e, nas etapas mais importantes, como a da Torre, ou nas mais perto de casa, lá estão eles a apoiar os seus colegas.
"Fico um bocadinho triste de não estar na Volta, mas compreendo a situação. Somos uma equipa com bastante qualidade, em que temos vários atletas fortes. Eu, juntamente com o José Neves, competi muito durante o ano e, se calhar, ia acusar fadiga na Volta. Compreendo a decisão do diretor e acho que escolheu a melhor equipa para esta edição", reconhece, em declarações à agência Lusa.
Momentos antes, Vinhas, equipado a rigor e a observar o autocarro da W52-FC Porto do lado de fora da 'bolha' da Volta a Portugal, brincava que, se o deixassem, entraria já hoje na corrida que lhe "diz muito".
"Todos os portugueses querem estar presentes [na Volta]. Tenho de encarar a ausência da melhor forma e trabalhar para o que ainda falta da temporada", reforça.
O campeão de 2016 assume que fica "bastante nervoso" ao ver a competitividade entre os seus colegas e outras equipas, "que estão muito fortes", referindo-se implicitamente à Efapel, que já venceu quatro etapas e lidera a 82.ª edição com Rafael Reis.
"É um sentimento diferente, mas sofro tanto na estrada como no sofá. Mas em casa sofre-se bastante, porque conseguimos ver todos os pormenores da corrida, o que não acontece na estrada. Em casa, vemos algumas decisões e alguns erros que se cometem e ficamos muito mais ansiosos, à espera que termine da melhor forma. E custa bastante. Uma pessoa gosta de ganhar, como é obvio, e enerva-se sempre um bocadinho", revela.
Dominadora absoluta das últimas oito edições, a estrutura da W52-FC Porto está este ano a enfrentar sérias dificuldades para impor a sua lei -- Amaro Antunes é terceiro na geral, a 33 segundos de Reis, e a equipa ainda não venceu qualquer etapa -, mas, para Vinhas, revalidar o título "não está difícil".
"Os adversários estão melhores. Este ano a corrida está mais em aberto, mas acho que há fortes probabilidades de conseguirmos a vitória ainda", defende.
Para o ciclista de 34 anos, o uruguaio Mauricio Moreira, 10.º da geral a 01.29 minutos da amarela, é o adversário que "está a mostrar uma grande capacidade física".
"Também temos ali o Fred [Figueiredo], que está bem posicionado. Eles [Efapel] também têm uma equipa de trabalho bastante forte, mas acho que nós estamos no mesmo patamar deles e está tudo em aberto. Acredito que a nossa equipa vai surpreender um dia", prevê.
Incentivado a dizer quem subirá ao pódio no domingo, em Viseu, como vencedor da 82.ª Volta a Portugal, Vinhas escolhe a via politicamente correta, sem eleger um nome.
"Se puder optar por dois... ou três... temos o João [Rodrigues], o Amaro [Antunes] e o Joni Brandão, mas também há o Abner [González] e o Mauricio, que estão em excelente forma", enumera.