Uma Thurman, que foi musa de Quentin Tarantino em ‘Pulp Fiction’ e na saga ‘Kill Bill’, quebrou o silêncio e falou com a jornalista Maureen Dowd, do New York Times, sobre os abusos e assédio de que foi vítima por parte do produtor Harvey Weinstein, cuja empresa de produção (a Miramax), ganhou fama e negócio após o sucesso de ‘Pulp Fiction’. A atriz referiu ainda o acidente ocorrido durante as filmagens do primeiro filme de Kill Bill (2004) e, após voltar a ressurgir a polémica, divulgou o vídeo do momento.
Quentin Tarantin já disse que o acidente é "um dos maiores arrependimentos" que tem. Uma Thurman ficou com sequelas nas pernas e nas costas e ficou chateada com o realizador. Agora, já esclareceu o sucedido e assume que a culpa não foi de Tarantino.
"Publiquei este vídeo para recordar o que aconteceu após a exposição no NYT pela Maureen Dowd. As circunstâncias deste acidente foram negligentes ao ponto de serem crime. Mas não acredito que tenha havido qualquer má intenção. O Quentin Tarantino pediu muitas desculpas e permanece cheio de remorsos e de culpa, por isso deu-me as filmagens anos depois, para que eu as pudesse divulgar e chamar a atenção para o caso, ainda que se trate de uma situação em que a justiça já nunca será possível. Ele fez isto por mim, mesmo sabendo que o podia afetar pessoalmente e fico orgulhosa dele por ter feito o que está certo e pela sua coragem. Mas esconder o que se passou é imperdoável. Por isso tenho como responsáveis pelo que se passou Lawrence Bender, E. Bennett Walsh, e o famoso Harvey Weinstein. Eles mentiram, destruíram provas e continuaram a mentir pelo mal permanente que fizeram e que escolheram suprimir. Ao esconderem tiveram intenção maldosa e que estes três se envergonhem toda a vida", escreve Uma Thurman nas redes sociais, onde publicou um vídeo do momento em que vai ao volante de um descapotável e choca com uma palmeira.
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Uma Thruman ficou com lesões graves nas pernas, pés e nas costas, fruto do choque frontal do carro contra a árvore.
Assédio do ‘arqui-inimigo’
Uma Thurman contou que passava muito tempo com Harvey Weinstein, após o sucesso de ‘Pulp Fiction’, e que a primeira instância de assédio ocorreu num hotel em Paris. Weinstein terá tirado o roupão em frente à atriz, mas esta achou que era "tudo normal". Algum tempo depois ocorreu o que Uma descreve como sendo o "primeiro ataque", noutro Hotel, desta vez em Londres: "Ele imobilizou-me e tentou deitar-se em cima de mim. Mostrou-me o corpo dele e fez uma série de coisas muito desagradáveis e inapropriadas". Uma esclarece que, no entanto, não houve tentativa de violação.
No dia seguinte a atriz recebeu um ramo de rosas do produtor e concordou em encontrar-se com ele, com a ideia de o confrontar com o que se tinha passado. Para a ajudar levou uma amiga, mas o encontro acabou com Uma sozinha no quarto com Weinstein, a ser ameaçada de que o produtor acabaria com a carreira dela.
Desde então que Weinstein passou a ‘arqui-inimigo’ de Uma, ainda que a atriz tenha voltado a trabalhar com a Miramax. Como Quantin Tarantino insistiu muito com ela, aceitou participar em Kill Bill. Foi mesmo no final das gravações que foi pedido à atriz que guiasse um carro. Uma Thurman achou que a cena era perigosa, já que o carro descapotável não teria todas as condições de segurança, pelo que a atriz pediu um duplo.
O pedido não foi atendido por Tarantino e Uma sofreu o acidente, que lhe mudou a vida. "O Harvey atacou-me, mas isso não foi o que me matou. O acidente foi o que mais me marcou", defende a atriz.
Uma Thurman revelou ainda que foi violada por um ator quando tinha 16 anos. A atriz não identificou o responsável, mas referiu que, quando aconteceu o ataque sexual, ele "tinha quase mais 20 anos" do que Uma.