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Medicina: Doentes tratados à distância

Terapêuticas terão cada vez mais em atenção as características únicas de cada pessoa.
Vanessa Fidalgo 19 de Março de 2020 às 01:30
Medicina: Doente tratado à distância
Medicina: Doente tratado à distância FOTO: Getty Images

O atual diretor da Faculdade de Medicina de Lisboa, Fausto Pinto, vê a robótica e a monitorização à distância fazerem parte da realidade dos cuidados de saúde dentro dos próximos anos.

CM - O que podemos esperar da Medicina nos próximos anos?

Fausto Pinto - É muito arriscado prever a 10 ou 20 anos de distância, dada a forma alucinante como a ciência tem progredido, mas considero, como provável, a maior precisão e individualização no tratamento das doenças, através da capacidade de se individualizar características únicas de cada pessoa e da interação da doença com esse mesmo indivíduo (Medicina de Precisão); miniaturização de dispositivos médicos para diagnóstico e terapêutica, incluindo chips incorporados que permitirão registos em tempo real de múltiplos parâmetros fisiológicos, com capacidade de manipulação à distância. Por isso, os hospitais ficam reservados para situações agudas e procedimentos específicos. Tratamentos à distância e monitorização remota será rotina. Prevejo ainda a aplicação da Inteligência Artificial, permitindo dar uma resposta mais rápida e mais precisa aos vários tipos de doenças, o desenvolvimento de órgãos biológicos de substituição, permitindo restaurar órgãos lesados e a utilização da robótica. Na prevenção primária, prevejo medidas que permitam evitar doenças não transmissíveis, como sejam as doenças cardiovasculares precoces, oncológicas e neurodegenerativas.

- Em que áreas a evolução será mais notável?

- Oncologia, Imunologia, Neurociências e Medicina Cardiovascular. Concretamente a robótica, genómica, metabolómica, proteómica, estudo do microbioma.

- O que espera da sua área, a cardiologia?

- Os grandes desafios podem-se dividir em três grandes áreas. Na prevenção, permitindo identificar os indivíduos mais suscetíveis de desenvolver determinado tipo de doenças e, ao mesmo tempo, identificar com mais rigor e controlar melhor os fatores que sabemos constituírem um risco acrescido para as doenças cardiovasculares. Este será o maior desafio em dimensão e potencial com maior impacto. Na área do diagnóstico, melhorar a precisão dos meios complementares de diagnóstico, a nível molecular/genético e de imagem. A nível terapêutico, o objetivo último é desenvolver um coração biológico que permita substituir o coração doente, ou seja, terapêutica de substituição definitiva. Mas um dos grandes desafios será lidar com as doenças do envelhecimento e ao mesmo tempo controlar as situações que continuam a causar mais danos, como a hipertensão arterial, a diabetes, a insuficiência cardíaca.

PERFIL
Fausto Pinto Nasceu em novembro de 1960. É professor de Cardiologia no Hospital de Santa Maria e Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Em 2019, recebeu do American College of Cardiology o Prémio de Serviço Internacional pelo seu contributo na área. Foi o primeiro português à frente da Sociedade Europeia de Cardiologia e, recentemente, assumiu outro cargo de destaque internacional como presidente da Federação Mundial do Coração.  

DEPOIMENTOS
Maria Irene, 77 anos, reformada, Lisboa
"Leio o jornal frequentemente. Há pelo menos dez anos que acompanho o Correio da Manhã. Acho que algumas notícias são demasiado bombásticas e que não são tratadas com a profundidade que mereciam, mas gosto. Se não gostasse, não o comprava. O que mais aprecio são os artigos de saúde. Adoro o Bananal e acho que o jornal tem muito bons cronistas."

Nicolau Oliveira, 62 anos, empresário, Coimbra
"Sou leitor do Correio da Manhã há 20 ou 30 anos. Todos os dias compro o jornal e todos os dias o leio de uma ponta à outra. É um jornal de que gosto e que me deixa bem informado. Gosto de tudo no CM, particularmente do facto de ser um jornal que não tem medo, que põe tudo cá para fora. E nós, depois de o lermos, ficamos com a sensação de estarmos bem informados sobre o que se passa no País."

Ana Brandão, 32 anos, farmacêutica, Coimbra
"Desde miúda que leio o CM. Os meus avós e os meus pais sempre o compraram e eu habituei-me desde muito cedo a ver o jornal em casa. Foi nessa altura que ganhei o hábito. Mas ultimamente uso mais as plataformas online, a não ser quando vou a casa dos meus pais. Gosto sobretudo dos temas de Saúde, da atualidade e também da secção Vidas."

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